Área queimada em terras Yanomami tem redução de mais de 60%
Queda pode estar relacionada a retomada da presença do Estado e expulsão de invasores

A Terra Indígena Yanomami apresentou uma queda de 62% na área queimada nos dois primeiros meses de 2023, em comparação com o primeiro bimestre do ano passado. Especialistas apontam que a redução pode estar ligada às iniciativas do Estado para expulsar garimpeiros invasores. Os dados do Monitor do Fogo também mostram que a Amazônia foi o bioma mais queimado no Brasil nos dois primeiros meses do ano.
Roraima, Mato Grosso e Pará foram, respectivamente, os estados com maior área atingida. Ainda assim, o estado de Roraima teve uma queda de 44% no fogo em comparação com o ano passado: foram 259 mil hectares em 2023, ou 48% de toda a área queimada no Brasil. Em janeiro e fevereiro de 2022, haviam sido 470 mil hectares.
A Terra Indígena Yanomami foi uma das regiões mais afetadas pela invasão de garimpeiros na Amazônia, mas não foi a única. Outras Terra Indígenas com presença de povos em isolamento voluntário, como as terras Kayapó, Munduruku e Sawré Muybu, no Pará, também sofreram com invasores externos.
Um estudo publicado pelo Ipam e pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), em janeiro deste ano, mostrou que Terras Indígenas com grupos isolados são metade de todas as atingidas pelo garimpo e têm maior área (10,9%) com sobreposição de registros ilegais no Cadastro Ambiental Rural do que as sem isolados (7,8%).
No total, a área queimada no bioma Amazônia no primeiro bimestre de 2023 equivale a quatro vezes a capital paraense Belém e representa 90% de tudo o que queimou no país. O Brasil teve 536 mil hectares queimados nos dois meses, uma área 28% menor do que a registrada no mesmo período em 2022.