Ainda dá tempo de salvar a Antártica do colapso, aponta estudo
Outro trabalho sugere que impactos podem estar sendo subestimados
Os polos do planeta Terra, regiões mais frias e congeladas, são as que mais preocupam quando se fala de aquecimento global porque elas são as mais sensíveis a variação de temperatura, tem ecossistemas muito característicos e podem colocar todo o resto do planeta em perigo. Apesar disso, um estudo publicado nesta quinta-feira, 7, sugere que as consequências do aquecimento global na Antártica ainda não passaram do ponto de não retorno e que elas podem ser revertidas se medidas urgentes forem tomadas.
De acordo com o trabalho, publicado no periódico científico The Cryosphere, não existem evidências claras de que o derretimento das camadas de gelo da Antártica não possa ser revertido. A análise utilizando três modelos computacionais diferentes gerou diversas simulações e apontou que, no ritmo atual das mudanças climáticas, o ponto de não retorno deve acontecer em até 500 anos e, portanto, ainda pode se.
“As nossas experiências mostram que um colapso irreversível em algumas regiões marinhas da Antártica Ocidental é possível devido às atuais condições climáticas”, afirma a coautora do artigo, Ronja Reese. “É importante ressaltar que este colapso ainda não aconteceu, como mostra o nosso primeiro estudo, mas esperamos que um maior aquecimento climático no futuro acelere isto substancialmente.”
Os efeitos na região antártica é preocupante porque existe água suficiente nesse local para aumentar o nível de todos os oceanos em alguns metros. Se esse gelo todo derreter, muitos países e cidades costeiras podem ficar submersas, afetando a vida de bilhões de pessoas.
Modelos computacionais
Os resultados trazem alívio e, por serem baseados em três modelos independentes, são considerados robustos. No entanto, esses sistemas fazem previsões matemáticas levando em consideração fatores climáticos conhecidos cientificamente, o que quer dizer que há fatores desconhecidos que podem estar sendo ignorados – é isso que mostra um outro artigo, publicado no mesmo dia, no periódico Nature Climate Change.
De acordo com a investigação, grande parte dos modelos computacionais subestimam o impacto das mudanças climáticas na Antártica. Isso acontece devido ao efeito de amplificação, o que quer dizer que os impactos do efeito estufa nas regiões polares são capazes, por si só, de reforçar o efeito causador e acelerar as mudanças climáticas. Esse aceleramento começa a ser notado por cientistas, mas são, em parte, ignorados pelos modelos.