A quantidade impressionante de microplásticos consumida por baleias
Pesquisadores dos Estados Unidos acompanharam quase 200 animais durante o período de alimentação e identificaram uma ingestão preocupante de partículas
As baleias-azuis, os maiores animais do planeta, são os maiores consumidores de microplásticos dos oceanos. Um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos concluíram que as baleias ingerem até 10 milhões de partículas de microplásticos todos os dias, o equivalente a pouco mais de 43 quilos.
O estudo também concluiu que os microplásticos não são ingeridos junto com água, mas estão dentro do organismo das presas da baleia. E isso representa também um perigo para os humanos. O krill, o nome de conjunto de espécies de invertebrados semelhantes ao camarão, é usado principalmente na alimentação de peixes de aquários, mas também são consumidos como alimento em países como Japão e Rússia.
Os resultados do estudo foram possíveis por meio da utilização de dispositivos colocados pelos cientistas em 191 baleias-azuis, baleias-comuns e baleias-jubarte. “São basicamente como um Apple Watch, só que colocados nas costas dos animais”, afirmou a pesquisadora Shirel Kahane-Rapport, da Universidade da Califórnia, principal autora do estudo.
A pesquisa foi feita usando modelagens e publicada no periódico científico Nature Communications. Os pesquisadores identificaram onde as baleias se alimentam, a uma profundidade entre 50 e 250 metros, onde estão as maiores concentrações de microplásticos nos oceanos. Estimaram, então, o tamanho e o número de bocados que as baleias comiam diariamente e o que foi filtrado, modelando três cenários diferentes. O mais provável é que elas consumam 10 milhões de partículas por dia.
Agora, os pesquisadores pretendem avaliar o tamanho dos danos causados por essas partículas de microplásticos ao organismo das baleias.
A quantidade de microplásticos nos oceanos vem aumentando rapidamente. Estudos apontam que a quantidade vai quadruplicar até 2050, se nada for feito. Até lá, uma área duas vezes e meia o tamanho da Groenlândia terá excedido as quantidades recomendadas. Outro estudo, de março deste ano, também detectou partículas de microplástico no organismo de 80% das pessoas.