Washington Olivetto morre aos 73 anos no Rio de Janeiro
Ícone publicitário brasileiro foi o inventor do 'Garoto Bombril' e um dos arquitetos da Democracia Corinthiana
Considerado um dos principais nomes da publicidade brasileira, Washington Olivetto morreu na tarde deste domingo, 13, no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla de órgãos. Aos 73 anos de idade, Olivetto estava internado no hospital Copa Star, na capital fluminese, há quase cinco meses, devido a complicaçaões pulmonares.
Olivetto foi uma referência do mercado publicitário no Brasil e no mundo. Ele ganhou 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes e é o único latino premiado com o Clio (maior premiação do mundo da publicidade), no ano de 2001, por causa de um comercial feito para a revista Época. Em 2015, ele foi o primeiro publicitário não anglo-saxão a entrar para o “Creative Hall of Fame”, do The One Club, obtendo outro reconhecimento de nível mundial.
Nascido em 29 de setembro de 1951 no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paul, Olivetto cursou publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1968 e começou a carreira aos dezoito anos como redator em uma agência. Em 1969 ele ganhou o seu primeiro Leão de Bronze com um comercial feito para a Deca.
Sua mais famosa criação, o “Garoto Bombril”, nasceu em 1978 e foi estrelada por décadas pelo ator Carlos Moreno, tornando-se uma das peças publicitárias mais famosas do Brasil. Sua última aparição foi em 2019. Poucos anos depois, em 1981, ele assumiu a vice-presidência do Corinthians e foi um dos criadores do “Democracia Corinthiana”, maior movimento político construído dentro da história do futebol. Na época, o Brasil vivia um dos últimos anos da Ditadura Militar.
Outras obras de destaque da sua carreira foram “O Primeiro Sutiã”, para a Valisère e “Hitler”, para a Folha de S. Paulo. Olivetto inspirou a música “Alô Alô W Brasil”, de Jorge Ben Jor, canção que leva o nome da agência publicitária de que esteve à frente por décadas. Em abril de 2023, ele concedeu uma entrevista a VEJA falando sobre o que previa para o futuro do mercado publicitário brasileiro.
Em dezembro de 2001, Olivetto foi vítima de um dos maiores sequestros do País. Ele foi parado por uma falsa blitz em Higienópolis, bairro da capital paulista, e levado por sequestradores para um cativeiro em Serra Negra, no interior do estado, onde permaneceu por 53 dias, até fevereiro de 2002, em um cômodo de três metros quadrados sem janelas. Os sequestradores pediram dez milhões de reais pelo publicitário, mas foram pegos pela polícia. A ação foi arquitetada por um ex-guerrilheiro chileno, Maurício Hernandez Norambuena.