Vale quebrou recorde de produção de minério de ferro em 2018
Mineradora vivia um dos seus melhores momentos, com geração de quase 12 bilhões de reais de caixa no 3º tri; plano era ampliar dividendos aos acionistas
A tragédia do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho (Minas Gerais), acontece em um dos melhores momentos da história da Vale. A mineradora havia alcançado um recorde histórico no terceiro trimestre, com a produção de 104,9 milhões de toneladas de minério de ferro. Além disso, a empresa estava conseguindo melhorar a qualidade do produto, o que se traduziu em preços mais altos de comercialização.
A mineradora, uma das maiores do mundo, obteve nesse período um lucro líquido de 5,75 bilhões de reais. “Estamos transformando a Vale em uma empresa muito previsível, entregando desempenho operacional sólido, maior realização de preços, menores custos e alocação de capital rigorosa”, disse o diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, na ocasião do anúncio dos resultados, na última semana de outubro.
No comando da Vale desde abril de 2017, em substituição a Murilo Ferreira (que era o CEO na ocasião da tragédia de Mariana, em novembro de 2015), Schvartsman ganhou um novo mandato de dois anos (a contar a partir de maio próximo) nos últimos dias de 2018, como reconhecimento do trabalho executado até então.
Os efeitos da tragédia do rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015, fizeram a cotação da ação ordinária da Vale recuar para 9,03 reais no fim de janeiro de 2016. Desde então, até a última quinta-feira, a valorização acumulada havia sido de 522%, com a ação sendo negociada a 56,15 reais no fechamento.
Como efeito do aumento da produção com maior qualidade ao longo de 2018, a Vale teve uma geração de 3,1 bilhões de dólares (cerca de 12 bilhões de reais) de caixa no terceiro trimestre desse ano.
Os resultados colhidos foram tão expressivos que a Vale havia praticamente alcançado a meta de redução de sua dívida líquida para o patamar de 10 bilhões de dólares. O endividamento ficou em 10,7 bilhões de dólares, o menor nível em quase uma década, desde o terceiro trimestre de 2009.
A situação estava tão confortável que a empresa já fazia planos de aumentar os dividendos para os seus acionistas para 2,3 bilhões de dólares (cerca de 9 bilhões de reais), relativos ao segundo semestre de 2018, e avaliava o que poderia ser feito com os recursos em 2019.
“Nos próximos anos, vamos explorar opções para o nosso fluxo de caixa livre acumulado (geração de recursos) de forma disciplinada”, afirmou na época Luciano Siani Pires, executivo-chefe financeiro da Vale.
Segundo ele, “os dividendos serão nossa escolha natural com base em nossa nova política e, além dos dividendos, buscaremos: dividendos extraordinários ou recompras, oportunidades de crescimento orgânico, como o recentemente aprovado projeto Salobo III, bolt-on acquisitions (aquisições); otimização de outros passivos.”