Um reflexo milagroso: o empurrão no padre Marcelo Rossi
Em depoimento à polícia, a agressora alegou sofrer de transtorno bipolar
Empurrado de cima de um palco com 1,80 metro de altura, ele teve pouquíssimo tempo para evitar o pior. Considerando-se sua estatura (1,95 metro) e seu peso (85 quilos), o impacto no chão poderia ter provocado um estrago enorme. Mas o que são esses dados diante da força da fé? Em um átimo de segundo, padre Marcelo Rossi pôs a mão na frente do rosto e caiu de lado. O sacerdote se levantou imediatamente e acabou removido para um camarim. Minutos depois, voltou ao púlpito e terminou a missa, ovacionado pela plateia. “Maria passou na frente e pisou na cabeça da serpente”, afirmou, referindo-se ao ataque de uma mulher de 32 anos, cuja identidade está sendo mantida sob sigilo pela Polícia Civil. No fim da conturbada cerimônia, o padre nem quis ir ao hospital para fazer uma radiografia. No dia seguinte, dores nos ombros e nas costas foram as únicas sequelas que restaram da agressão sofrida no último domingo, 14, diante de aproximadamente 50 000 pessoas, em plena celebração de uma missa na comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista, centro católico no interior de São Paulo conhecido por ser um dos polos do movimento da renovação carismática. O padre diz ter perdoado à agressora e recusou-se a fazer um boletim de ocorrência contra a “serpente”. Mesmo assim, o documento foi registrado pela administração da Canção Nova. Em depoimento à polícia, a autora do empurrão alegou sofrer de transtorno bipolar. Moradora do Rio de Janeiro, ela havia ido ao local justamente para ver Marcelo Rossi, de quem afirmou ser fã. A mulher furou o bloqueio de segurança, invadiu o altar e, correndo, empurrou o padre para fora da estrutura de ferro. O reflexo milagroso salvou a história de um final trágico.
Publicado em VEJA de 24 de julho de 2019, edição nº 2644