Brasil

Tunísia pede explicações à Interpol sobre a ‘serial killer’ de Guarulhos

Justiça determina ainda manifestação nos autos da defesa de Ana Paula Veloso Fernandes, que ainda não apresentou resposta à acusação

Por Heitor Mazzoco SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 13 nov 2025, 20h03 - Publicado em 13 nov 2025, 18h39

Ana Paula é acusada de matar quatro pessoas por envenenamento (./Reprodução)

A Vara do Júri de Guarulhos, na Grande São Paulo, determinou o envio de cópias da denúncia contra as irmãs Ana Paula Veloso Fernandes e Roberta Cristina Veloso Fernandes, acusadas de quatro homicídios apenas em 2025 por meio de utilização de veneno, para a Embaixada da Tunísia. Uma das possíveis vítimas é um homem de 21 anos nascido no país africano, o que motivou a solicitação sobre o andamento do caso.

A Polícia Federal brasileira, por meio do Núcleo de Cooperação Internacional – Interpol São Paulo, realizou o pedido para a Justiça paulista, o que foi aceito. “Tendo em vista que as denúncias contra as rés foram ofertadas em datas recentes, estando pendentes a apresentação de resposta à acusação pela defesa da ré Ana Paula, bem como a citação da corré Roberta, encaminhe-se cópia das denúncias ofertadas nos autos à D. Autoridade Policial subscritora do ofício supracitado”, despachou o magistrado.

De acordo com documentos juntados nos autos, o tunisiano Hayder Mhazres foi a quarta vítima da dupla. “No dia 23 de maio deste ano, na avenida Rangel Pestana, altura do número 1.014, Brás, na capital paulista, Roberta, por motivo torpe, consciente não só do uso insidioso de veneno, como também da utilização de recurso que dificultou a defesa do ofendido, teria concorrido de qualquer modo para que sua irmã gêmea Ana Paula ministrasse substâncias letais para Hayder Mhazres”.

“Serial killer”

Em decisão de 4 de setembro deste ano, o juiz da Vara do Júri de Guarulhos Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo classificou Ana Paula como uma “verdadeira serial killer”.

“Os pressupostos da prisão cautelar estão presentes, sobretudo para resguardar a ordem pública, para conveniência da instrução criminal e para assegurar a aplicação da lei penal, uma vez que três dos crimes foram praticados por motivo torpe, com emprego insidioso de veneno, bem como mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e o outro foi cometido mediante promessa de recompensa, valendo-se insidiosamente do emprego de veneno, bem como mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, a evidenciar total desprezo pela vida humana e o risco que representa para a ordem pública, tratando-se de verdadeira serial killer“, disse em trecho da decisão em que decretou a prisão de Ana Paula.

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Nesta quinta, a Justiça de Guarulhos também quer saber se Ana Paula terá resposta à acusação apresentada nos autos. Isso porque o juiz aponta inércia da defesa de Ana Paula. “Intime-se a defesa constituída para informar se prossegue na causa, de forma expressa, no prazo de 2 dias, oportunidade em que deverá apresentar referida peça processual. Ausente manifestação, fica desde já determinada a destituição dos defensores, devendo a acusada ser intimada para constituir novo advogado no prazo de 10 dias ou para informar se requer a assistência judiciária, que neste caso, será exercida pela Defensoria Pública”.

A sequência dos crimes

Segundo os autos, em janeiro deste ano, em horário desconhecido, na rua São Gabriel, altura do número 234, no bairro Vila Renata, em Guarulhos, “agindo com motivação torpe, ciente não só do emprego insidioso de veneno, bem como do uso de recurso que dificultou a defesa da vítima”, teria concorrido de qualquer modo para que sua irmã gêmea Ana Paula Veloso Fernandes ministrasse substâncias letais para Marcelo Hari Fonseca.

Posteriormente, entre os dias 10 e 11 de abril deste ano, à rua Guaratuba, 372, bairro Bom Clima, em Guarulhos, Roberta, “imbuída de motivação torpe, sabedora não só do emprego insidioso de veneno, como também da utilização de recurso que dificultou a defesa da ofendida”, teria concorrido de qualquer modo para que sua irmã gêmea Ana Paula ministrasse substância letal para Maria Aparecida Rodrigues.

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Ainda em abril, no dia 26, na rua Bernardo Saião, s/n, lote 5, quadra 31, no bairro Parque Uruguaiana, em Duque de Caxias (RJ), Roberta, “em razão de promessa de recompensa, ciente do emprego insidioso de veneno, bem como do uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, teria concorrido de qualquer modo para que sua irmã gêmea Ana Paula ministrasse substância letal para Neil Correa da Silva”, então com 65 anos. O quarto caso seria o tunisiano.