Tiroteio no Rio fecha bondinho do Pão de Açúcar e aeroporto Santos Dumont
Confronto entre policiais e traficantes aconteceu na Urca, um dos bairros mais seguros da cidade. Um policial ficou ferido e um criminoso foi preso
Um intenso tiroteio entre policiais e traficantes na tarde desta sexta-feira, 8, levou pânico à Urca, bairro nobre da Zona Sul do Rio de Janeiro, e chegou a suspender durante quinze minutos as operações no Aeroporto Santos Dumont, no Centro da cidade. Durante pelo menos três horas, o bondinho do Pão de Açúcar, um dos principais pontos turísticos do país, também ficou paralisado por medida de segurança. Foi a primeira vez que a violência urbana levou à interrupção do serviço, iniciado em 1909. Um policial foi ferido na perna por estilhaços de uma granada, mas está fora de perigo.
Segundo a Polícia Militar, o Batalhão de Choque iniciou às 8h de hoje uma ação planejada com base em dados de inteligência nas favelas Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme, onde facções rivais deflagraram uma guerra pelo controle do tráfico de drogas.
Ainda de acordo com a PM, por volta das 13h os policiais se deparam com um grupo de criminosos armados na mata acima das favelas e houve tiroteio. Os bandidos tentaram, então, fugir por cima do morro, que tem trilhas com acesso à Praia Vermelha, na Urca. Policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram acionados para dar apoio às equipes que ainda buscam por criminosos na região de mata fechada.
O policial do Batalhão de Choque ferido no confronto foi socorrido por uma embarcação do Comando de Policiamento Ambiental na Urca e encaminhado ao Hospital Central da Polícia Militar, onde está sendo atendido.
O bairro, considerado um dos mais seguros do Rio, é uma área militar e concentra a Escola Superior de Guerra, o Instituto Militar de Engenharia (IME), além de um batalhão do Exército. Imagens de um vídeo que circula nas redes sociais mostram um dos bandidos tentando descer pela pedra e alcançar a praia. Ele acabou sendo preso pela polícia. Seis fuzis foram apreendidos.
A polícia usou um helicóptero e um jet-ski na perseguição dos criminosos. O bondinho do Pão de Açúcar parou de funcionar às 14h30 e só reabriu depois das 17h. Já o aeroporto Santos Dumont teve as operações de pouso e decolagem paralisadas entre 15h15 e 15h30, mas não chegou a provocar atrasos nos voos. Segundo a Infraero, esta é a segunda vez que o aeroporto tem as atividades interrompidas por causa de um tiroteio. A primeira foi em março deste ano.
Estrangeiros relatam medo
Quando os tiros começaram, o guia turístico Júlio Teodoro havia acabado de subir ao Pão de Açúcar com um grupo de turistas. “A gente subiu, estava tudo tranquilo, quando, por volta das 14h30, ficou pesado, parecia guerra, com os helicópteros passando. Aí parou o funcionamento e só conseguimos descer agora, estava bem tenso. É uma situação meio chata e desagradável. A imagem para os turistas é péssima”, relatou.
Uma das turistas do grupo era a mexicana Maria Naranjo, que veio ao Rio com um grupo de colegas, estudantes de medicina. “Escutamos os tiros, mas pensamos que eram fogos. Ficamos assustadas e com muito medo. É a nossa primeira vez em Brasil. Na Cidade do México não tem muito disso, então foi algo que nos impactou, pois estávamos muito perto do que aconteceu”, disse Maria.
O chileno Juan Manoel Cortez custou a entender o que se passava, achando que o barulho dos tiros e granadas, do confronto entre policiais e traficantes, fosse apenas de trovoadas. “Escutamos os tiros, mas primeiro pensamos que eram trovões. Aí nos pediram que ficássemos em um lugar seguro, no teatro que tem lá em cima. Não nos deram muitas informações, apenas que era um assunto policial e que era mais seguro ficarmos lá. No Chile não temos muito este tipo de situação”, declarou Cortez, que trabalha como auxiliar de laboratório e visita o Rio pela segunda vez.
Para o turista uruguaio Gonzalo Taveira, a violência urbana, se não for contida, poderá afetar a imagem do Rio e reduzir o número de visitantes. “Eu fico com muita pena, pois a cidade é maravilhosa, é muito linda, mas tem que controlar essa questão da insegurança, porque a gente fica nervoso. Ficamos dentro do auditório, mas não podíamos ir para a encosta do morro, por causa de alguma bala perdida. Estávamos muito assustados, um amigo meu ficou chorando”, disse Taveira, que trabalha como contador.
(com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)