Termina a greve de ônibus em Salvador
Em decisão unânime, trabalhadores aceitaram reajuste de 9% nos salários. Coletivos devem voltar às ruas ainda nesta quarta-feira. Paralisação continua em São Luís e Florianópolis
O secretário municipal de Transportes e Urbanismo de Salvador, Fábio Mota, anunciou no início da tarde desta quarta-feira que a greve de ônibus na capital baiana chegou ao fim. Segundo Mota, os rodoviários aceitaram reajuste de 9% no salário e vale-alimentação no valor de 14 reais e redução da jornada de trabalho de oito para sete horas. O prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM) participou da negociação com os grevistas. O Sindicato dos Rodoviários informou que cerca de 3.000 trabalhadores participaram da reunião com o prefeito e que decisão é unânime. A categoria afirmou que os coletivos devem voltar a circular ainda nesta quarta-feira. As informações foram divulgadas pelo jornal A Tarde. Ao todo, 2.300 veículos deixaram de circular na manhã desta quarta.
Por causa da greve, parte do comércio de rua de Salvador não funciona e algumas escolas e faculdades da cidade suspenderam as aulas nesta quarta-feira. Muitos estabelecimentos de bairro não chegaram a abrir as portas, e parte das escolas públicas e particulares e das faculdades da cidade também suspenderam as atividades.
A greve ainda continua em duas capitais. Em São Luís, no Maranhão, e Florianópolis, em Santa Catarina, 100% da frota está paralisada. Já no Rio de Janeiro, onde uma paralisação de 24 horas foi anunciada na noite de terça, os ônibus circulam em número reduzido.
A adesão dos rodoviários cariocas à paralisação convocada na noite de terça-feira é pequena. Segundo estimativa do sindicato das empresas de ônibus da capital, Rio Ônibus, 90% da frota circula. A prefeitura informou que 100% do sistema BRT, os corredores exclusivos de ônibus expressos, está em operação. Não houve registro de vandalismo, e a Polícia Militar mantém equipes próximas à saída das garagens.
Os motoristas e cobradores que quiseram trabalhar, no entanto, tiveram cuidados especiais. Parte dos ônibus tem rodoviários trabalhando sem uniforme, para evitar constrangimentos em piquetes montados pelos grevistas. A decisão de paralisação ocorreu durante uma rápida assembleia iniciada no fim da tarde de terça-feira, com presença de cerca de 150 trabalhadores. O grupo não é representado pelo Sindicato Municipal dos Trabalhadores Empregados em Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sintraturb), que não apoia a greve.
O objetivo dos dissidentes era tentar uma paralisação total da frota, como houve nos dias 8, 13 e 14. Os trabalhadores que aderiram à greve não se comprometeram sequer com a manutenção de um efetivo mínimo para circulação, de 30% da frota. O poder dos grevistas sobre a categoria, no entanto, parece ter se reduzido desde a última paralisação. O total de ônibus depredados nos três dias de ônibus parados passou de 708, segundo o Rio Ônibus.
O sindicato patronal informou, esta manhã, que pretende entrar com pedido no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ) para que o movimento grevista seja considerado “abusivo”, pois não houve, segundo o Rio Ônibus, respeito aos princípios e requisitos da lei de greve, como aviso com 72 horas de antecedência. O acordo firmado entre empregadores e rodoviários prevê reajuste salarial de 10%, retroativo a 1º de abril, e aumento de 40% no valor do auxílio alimentação.
Santa Catarina – A greve na capital catarinense começou nesta quarta e afeta pelo menos 250.000 pessoas, segundo informações do jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo. Os grevistas justificam a paralisação afirmando que pretendem evitar demissões de cobradores por causa do novo sistema automatizado de catracas que deverá ser instalado em até seis meses. Já a prefeitura garante que os profissionais não perderão seus empregos. A prefeitura disponibilizou 200 vans escolares para a população durante a greve.
Maranhão – Em São Luís, os ônibus deixaram de circular completamente na terça-feira. Os profissionais do setor, contudo, estão em greve desde a última quinta. Pelo menos 750.000 pessoas são prejudicadas pela paralisação. A categoria, que conta com 4.500 integrantes, alega que não houve avanço nas negociações entre trabalhadores e patrões e por isso decidiu cruzar definitivamente os braços para pressionar os empresários do setor a apresentarem uma proposta de reajuste salarial.