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Terceiro suspeito de planejar massacre em Suzano revela estratégia da ação

A divulgação de imagens era um ponto central do projeto e reforça a hipótese de que o massacre tinha por objetivo trazer fama - póstuma - a seus praticantes

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 mar 2021, 00h22 - Publicado em 19 mar 2019, 19h16

Apreendido nesta terça-feira, 19, pela polícia sob suspeita de ter ajudado no planejamento do atentado à escola Raul Brasil, em Suzano (SP), um adolescente que era amigo dos assassinos enviou mensagens de celular nas quais detalhava sua ideia para um ataque armado à escola. O tom desses comunicados reforça a hipótese de que o massacre tinha por objetivo central trazer fama – póstuma, obviamente – a seus praticantes.

A divulgação de imagens do crime era um ponto central do projeto. “Cada câmera seria importante pq os assassinatos iriam acontecer na frente delas”, diz o adolescente a um interlocutor não identificado no dia 18 de outubro de 2018 – portanto, seis meses antes do ato. O interlocutor reage: “Carai tu queria chocar o mundo mesmo né?”. O menor, então, responde: “Queríamos. Isis. Quem seria Isis perto de uns adolescentes com facas e umas armas veia”. ISIS é uma sigla traduzida do inglês para definir o Estado Islâmico da Síria e Iraque, grupo terrorista que costuma gravar e divulgar na internet a execução de suas vítimas, geralmente degoladas com faca.

Com o intuito de se equiparar à brutalidade do grupo extremista e provocar mais comoção do que o ataque de Columbine, nos Estados Unidos, o menor diz que o plano envolvia despir as garotas, executá-las no meio do pátio e depois posicionar os corpos de “forma humilhante”, “pro crime ficar inesquecível”. Em outro ponto da conversa, ele diz que o amigo cogitou até estuprar as vítimas e usar “granadas gigantes com parafusos”.

A certa altura, o garoto demonstra certa crise de consciência, atribuindo as ideias homicidas a “brisas malignas”. Diante das declarações, o interlocutor não identificado comenta que os “jornais sensacionalistas iriam ficar bem felizes”, e que se o atentado fosse feito “numa escola particular seria muito melhor”, pois “ia dar muito mais repercussão” por “só ter filho de rico”. O menor retruca que seria difícil entrar numa escola particular.

A troca de mensagens consta na decisão da juíza da 1ª Vara Criminal de Suzano Érica Marcelina Cruz, que autorizou a apreensão nesta segunda-feira. Na última sexta, a Justiça havia negado a medida extrema por considerar que não havia elementos suficientes. A Polícia Civil, então, apresentou estas novas provas.

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O que se sabe até agora é que o plano foi executado por Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25 anos, que mataram a esmo sete pessoas na escola Raul Brasil, com tiros de arma de fogo e machadadas – antes de invadir o colégio, Guilherme executou o tio Jorge Antonio Morais, dono de uma concessionária que ficava próxima à escola. A dupla tentou matar mais gente, mas foi impedida por policiais militares que ouviram os disparos. Encurralado, Guilherme matou Luiz e depois se suicidou.

Segundo a polícia, o menor apreendido hoje era amigo próximo de Guilherme, ajudou no planejamento do crime e teria ficado irritado por não ter participado do atentado. No dia do ataque, ele enviou uma mensagem para o assassino. “Teve um tiroteio dentro da escola. Mano dois adolescentes. E eles se mataram. Taucci, um dos atiradores tinha um machado igual ao seu. Agora eu sei que você nunca mais vai fazer aquelas perguntas chatas de ateu. Risadas (kkkkkk). Te odeio”.

O menor também teria ido duas vezes ao estacionamento no centro de Suzano, usado como QG da dupla nos dias que antecederam o crime. Ele tinha uma irmã na escola, que, segundo testemunhas, foi poupada pelos agressores.

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Além das mensagens, outra prova levantada pela polícia foi o depoimento prestado por uma professora, que deu aulas para Guilherme Taucci em 2015 na Raul Brasil e atualmente tinha o amigo do assassino como aluno num curso profissionalizante. Segundo ela, há cerca de dez dias, durante uma dinâmica que aplicou na classe para que os alunos manifestassem os seus planos para o futuro, o menor disse que o seu maior sonho era entrar em uma escola armado e atirar em várias pessoas aleatoriamente. E que ao visualizar tal cena sentia prazer.

A professora ficou chocada com a frieza do rapaz. No dia do atentado, quando as notícias vieram à tona, ela tentou falar com o adolescente pelo celular. “Pelo amor de Deus. Me fala q vc n fez aqui? É sério isto”, perguntou em mensagem no WhatsApp. Ele respondeu que não havia sido ele, mas seu melhor amigo. “Ele fez oq a gente vivia conversando sobre. Entrou para história”.

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