Senadora apresenta requerimento para criar CPI sobre crimes sexuais
Soraya Thronicke recebeu denúncias de abusos dentro da Anvisa e diz que comissão pode apurar casos em outros órgãos do governo
A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) afirmou que vai apresentar requerimento para criar uma CPI para investigar denúncias de assédio sexual dentro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos últimos dias, a parlamentar ouviu relatos de mulheres que foram alvo de investidas durante o trabalho. Um assessor da presidência da Anvisa chegou a ser preso no ano passado por estupro.
Soraya diz que já tem o apoio de 27 senadores, que aceitaram assinar o pedido de criação da comissão. Os congressistas que apoiam a iniciativa são suficientes para aprovar a instalação da CPI. Na sexta-feira, a senadora viajou para o Japão, mas informou que apresentará o pedido de abertura da comissão quando retornar.
A parlamentar afirmou que está muito preocupada com as informações que chegaram a seu gabinete sobre assédio dentro da Anvisa e recebeu informações de que há um lobby muito grande para que as investigações não aconteçam. “As vítimas, mesmo as que já deixaram seus cargos na Anvisa, estão com muito medo. Sabemos que a alta cúpula do órgão já está trabalhando dentro do Senado contra a investigação”, disse Soraya.
Assessor da presidência da Anvisa foi preso após ser acusado de estupro
A investigação, segundo a senadora, deve começar pelo caso de estupro. Em julho do ano passado, um assessor da presidência da Anvisa foi preso dentro da sede da agência em Brasília por um estupro. O servidor era responsável pelas relações governamentais, fazendo a interlocução da Anvisa com deputados e senadores.
Depois da prisão, funcionárias da Anvisa relataram outros casos de abuso sexual dentro da agência, redigiram uma carta pública manifestando indignação e acusam dirigentes do órgão de tomarem conhecimento dos casos e silenciarem. Soraya Thronicke ainda está redigindo o requerimento que vai delimitar o escopo da investigação. Ela não descarta a possibilidade de a comissão também apurar casos de abuso sexual em outros órgãos federais.