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Se não fosse Santana, Lula talvez não seria candidato em 2002

Em delação premiada, marqueteiro contou como fez um prognóstico que ele ajudou os petistas a decidirem lançar Lula em 2002

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 Maio 2017, 21h55 - Publicado em 12 Maio 2017, 21h30

O marqueteiro João Santana voltou ao passado para contar aos procuradores da Lava Jato como começou a sua relação com o PT. No acordo de delação premiada, relatou que o primeiro contato se deu em 1996, quando o então prefeito de Ribeirão Preto, Antônio Palocci, bateu à porta da agência de publicidade de Duda Mendonça, onde ele trabalhava como funcionário — depois viria a ser sócio. O petista não sabia quem lançaria como seu sucessor e queria uma pesquisa com prováveis nomes. “Duda estava ocupado com coisas mais importantes e passou para que eu atendesse o Palocci”, disse Santana.

No fim, os dois não chegaram a um acordo — o nome apontado com mais chances de sucesso não agradava o então prefeito. “Ele indicou um outro e perdeu a eleição”, lembrou o publicitário. Desde aquela época, Santana se especializava em fazer prognósticos e captar tendências do público.

O caminho de Palocci e Santana voltaria a se encontrar em 2000, quando o petista contratou a agência para fazer o marketing da sua campanha à prefeitura de Ribeirão. Ele ganhou a eleição e, dois anos depois, voltou com uma proposta irrecusável — traçar cenários para a campanha presidencial do PT em 2002.

Segundo ele, lideranças do partido — incluindo o próprio Palocci — acreditavam que Luiz Inácio Lula da Silva não deveria sair candidato em 2002, pois vinha de três derrotas seguidas nos pleitos de 1989, 1994, 1998. “Ele [Lula] tinha restrições do PT e do próprio Palocci que achava que já tinha se candidato várias vezes”, disse Santana. “E mais uma vez fiz o diagnóstico, que era minha especialidade. Por sorte, captou-se uma onda que o Lula poderia poderia ser o candidato vitorioso em 2002. Isso surpreendeu até nós da empresa”.

Na época, o dono da agência, Duda Mendonça, enfrentava bastante resistência dos petistas, pois havia feito a campanha de Paulo Maluf à prefeitura de São Paulo, em 1992. Por isso, Santana assumiu o seu lugar na primeira reunião com dirigentes do PT no Instituto Cidadania — que se transformou depois no Instituto Lula. Ali, apresentou os dados do estudo que indicava o então líder sindical como favorito. “Aí houve uma discussão interna, até calorosa, e terminou prevalecendo aquilo que era óbvio: Lula seria candidato”, disse. A partir daí a história já é conhecida: com a campanha idealizada por Duda Mendonça, Lula seria eleito pela primeira vez.

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Em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão, Duda Mendonça daria o célebre depoimento à CPI dos Correios no qual admitia que recebeu dinheiro de caixa 2 em uma conta nas Bahamas pela campanha de 2002. Paralelamente, João Santana, que havia rompido com o seu antigo chefe, tocava a sua empresa trabalhando em eleições na Argentina. Na época, foi chamado por Lula e Palocci para apagar o incêndio causado pela descoberta do esquema de corrupção. “

“Há muito tempo não via um político tão desolado”, disse Santana referindo-se a Lula e reproduzindo um diálogo que teve com ele em Brasília. “Olha, João, estou numa situação muito difícil. Acho que se cometeu muitos erros. Seu amigo [Duda], inclusive, fez um depoimento que eu acho absurdo, maluco… Mas o sr. pode me ajudar?”. O publicitário aceitou, conseguiu criar uma agenda positiva para o presidente e foi contratado para fazer a sua campanha à reeleição em 2006. Começava aí a próspera relação entre o marqueteiro e o PT, que o levaria a trabalhar pela eleição de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e de presidenciáveis de pelo menos outros quatro países — Angola, El Salvador, Venezuela e República Dominicana.

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