Roraima: freezer e galinheiro eram celas no presídio do massacre
Inspeções na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, palco de 43 mortes desde o ano passado, revela péssimas condições e improviso do governo de Roraima
![Movimentação de policiais na entrada da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após briga entre facções deixar 33 mortos no local - 06/01/2017](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/01/roraima-presidio.jpg?quality=90&strip=info&w=750&h=500&crop=1)
Dominada pelas facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e a Família do Norte (FDN), a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, a maior de Boa Vista, tem um histórico de péssimas condições e superlotação. Duas cenas encontradas por integrantes do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária durante uma inspeção em 2014 mereceram destaque no relatório do órgão: um freezer e até um galinheiro abrigavam os presos, também espalhados em redes sob árvores. Um detento dava expediente como enfermeiro.
Atualmente, a penitenciária destinada a presos do regime fechado também abriga apenados do semiaberto. O último relatório do Conselho Nacional de Justiça, de setembro do ano passado, indica que as condição continuavam deploráveis dois anos depois: havia 1398 presos na unidade, quase o dobro das 750 vagas disponíveis. Ao menos 161 detentos ficavam em celas de segurança, o “seguro”. Havia 23 presos de nacionalidade estrangeira, e 79 indígenas. A ampla maioria dos internos – 923 ao todo – era de presos provisórios, à espera de julgamento.
As visitas à penitenciária de Monte Cristo também mostraram o grau de improvisação com que o Estado trata o local, com esgoto a céu aberto: “Uma antiga cozinha virou alojamento, e um freezer virou cela”, diz um documento sobre o regime fechado. No semiaberto, havia “barracos individuais e coletivos (favela dentro da penitenciária)” e “barraco dentro do galinheiro com 150 galinhas”, ou dormindo em redes armadas em árvores ou em colchonetes debaixo delas. O serviço de enfermaria era prestado por um preso. Por algum tempo, só havia uma viatura na unidade, comandada e monitorada por policiais militares.
Desde outubro do ano passado, a Monte Cristo contabiliza 43 assassinatos cruéis com decapitações e esquartejamentos como consequência da guerra do tráfico, que eclodiu nacionalmente entre o PCC e o Comando Vermelho (CV), do Rio, aliado ao FDN desde a fundação da facção amazônica.
![Policiais realizam patrulha na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após rebelião no local deixar dezenas de mortos - 17/10/2016 Policiais realizam patrulha na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após rebelião no local deixar dezenas de mortos - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-penitenciaria-boa-vista-rr-20161017-04.jpg?quality=90&strip=info&w=750&w=636)
![Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016 Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-rebeliao-penitenciaria-roraima-20161017-002.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016 Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-rebeliao-penitenciaria-roraima-20161017-004.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016 Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-rebeliao-penitenciaria-roraima-20161017-003.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016 Parentes ficam na entrada da Penitenciária Agrícola Monte Cristo, em Boa Vista (RR) em busca de notícias dos presos após rebelião - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-rebeliao-penitenciaria-roraima-20161017-001.jpg?quality=90&strip=info&w=920&w=636)
![Policiais revistam presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após rebelião no local deixar dezenas de mortos - 17/10/2016 Policiais revistam presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR), após rebelião no local deixar dezenas de mortos - 17/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-penitenciaria-boa-vista-rr-20161017-03.jpg?quality=90&strip=info&w=750&w=636)
![Parentes de presos são vistos em frente à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR) - 16/10/2016 Parentes de presos são vistos em frente à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR) - 16/10/2016](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-penitenciaria-boa-vista-rr-20161017-02.jpg?quality=90&strip=info&w=750&w=636)
![Parentes de presos são vistos em frente à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR) Parentes de presos são vistos em frente à Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/brasil-penitenciaria-boa-vista-rr-20161017-01.jpg?quality=90&strip=info&w=750&w=636)