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Químicos explicam como monoetilenoglicol pode virar dietilenoglicol

Meio ácido usado na fabricação da cerveja pode causar a reação química em caso de vazamento; possível intoxicação já deixou quatro mortos em MG

Por Giovanna Romano Atualizado em 18 jan 2020, 13h46 - Publicado em 17 jan 2020, 15h18

Após a morte de quatro pessoas pela suposta ingestão da cerveja da Backer, a principal suspeita é de que a contaminação se deu por dietilenoglicol, substância que é tóxica se for consumida. A empresa, porém, diz que só emprega o monoetilenoglicol, que também é nocivo, mas em menor grau. Os dois componentes podem ser usados no processo de resfriamento da cerveja e, em teoria, não entram em contato direto com a bebida.

Químicos ouvidos por VEJA explicam que o dietilenoglicol encontrado pode ter surgido por uma reação química após um vazamento do monoetilenoglicol na cerveja ou, em quantidade muito pequena, como parte de impurezas do próprio monoetilenoglicol – e que também só poderia causar mal em caso de vazamento.

“Um dietilenoglicol nada mais é que dois monoetilenoglicol que grudaram um no outro e ‘cuspiram’ fora água. O dietilenoglicol pode ser originado do monoetilenoglicol por uma reação química que requer ácido”, afirma Erick Leite Bastos, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Bastos completa que, durante a fabricação, a cerveja fica em um meio ácido, com Ph entre 4 e 5. “Isso significa que um pouco de monoetilenoglicol possa virar dietilenoglicol nessas condições, mas não se pode afirmar que foi isso que aconteceu”, pondera.

O professor Luís Moreira Gonçalves, também do Instituto de Química da USP, acrescenta que o monoetilenoglicol comprado pelos produtores não costuma ser puro, e pode conter um pouco de dietilenoglicol.

“O monoetilenoglicol é um anticongelante padrão na indústria. Ao fabricá-lo, usa uma molécula que se chama óxido de etileno em contato com a água. Só que o processo nunca é igual. A maioria das reações químicas formam um monte de coisa que você quer e um pouco que você não quer. Dá mais ou menos 90% de monoetilenoglicol e 10% de outras coisas”, complementa Bastos. “Nesses 10% de impurezas, há uma quantidade mínima de dietilenoglicol. Não tem como o comprador requerer a substância pura. Os dois componentes estão presentes em diversos produtos que as pessoas usam.”

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Exames laboratoriais encontraram monoetilenoglicol e dietilenoglicol nas cervejas de rótulos Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2. A marca Belorizontina, que é vendida como Capixaba no Espírito Santo, foi o primeiro rótulo da Backer a ter a contaminação confirmada.

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