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Promotoria pedirá internação de jovem que agrediu professora

Caso a Justiça acolha o pedido, adolescente deverá ficar até seis meses num centro de reeducação; aluno poderá frequentar as aulas até ter o futuro decidido

Por Edoardo Ghirotto Atualizado em 24 ago 2017, 11h27 - Publicado em 22 ago 2017, 17h50
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  • O Ministério Público pedirá à Justiça a internação do aluno de 15 anos que agrediu a professora Marcia Friggi num colégio municipal de Indaial (SC), a 170 quilômetros de Florianópolis. A promotora da Infância e da Juventude Patrícia Dagostin Tramontin declarou que a medida mais rigorosa é uma resposta à reincidência do adolescente. 

    O jovem já foi condenado à prestação de um mês de serviços comunitários por ter agredido um colega de sala. Houve também um caso em que o adolescente agrediu a própria mãe.

    Tramontin disse que o aluno será processado por lesão corporal. Caso a Justiça acolha o pedido da Promotoria, o adolescente terá de cumprir a pena em um Centro de Atendimento Socioeducativo Provisório (Casep), órgão destinado ao cumprimento de medidas socioeducativas por adolescentes infratores. A previsão é que, se condenado, ele fique até seis meses na instituição.

    A promotora reclamou da lentidão para o processo chegar ao fórum. Como o adolescente não foi apreendido em flagrante, o delegado encarregado do caso marcou audiências para ouvir os envolvidos, incluindo outros alunos e funcionários da escola que possam servir de testemunhas. Tramontin disse que a delegacia da Polícia Civil prometeu notificá-la até esta sexta-feira.

    Segundo a prefeitura, o aluno poderá frequentar as aulas no colégio até que se estabeleça em audiência com a Promotoria da Infância e da Juventude e a Secretaria Municipal de Educação se haverá expulsão do adolescente ou seu remanejamento para outra instituição. A escola que ele frequentava era voltada para adolescentes e adultos que estão atrasados com a grade curricular.

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    Tramontin disse ter sido surpreendida com a decisão da prefeitura. “Não estou sabendo de nada disso. Vou atendê-los amanhã. Não me parece que essa seja uma decisão sustentável diante da situação”. Segundo a prefeitura, o adolescente não compareceu à escola nesta terça-feira.

    Como o caso é de competência municipal, a Secretaria de Educação de Santa Catarina informou que acompanha o desenrolar da situação. A reportagem não conseguiu contactar a direção da escola em que ocorreu a agressão nem a professora Marcia Friggi.

    Ataques na internet

    A professora, que ensina língua portuguesa e literatura, está afastada de suas funções por causa da agressão. Ela terá de passar por uma perícia para ser avaliada física e psicologicamente antes de voltar para a sala de aula.

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    Em sua página no Facebook, a professora compartilhou mensagens de solidariedade e disse que não ficará em silêncio diante de ataques que recebeu após a repercussão do episódio. Internautas enviaram xingamentos a Friggi por alegarem que ela fez uma postagem comemorando a ovada que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) levou em Ribeirão Preto.

    O ódio não irá me calar, só fortalece a certeza de que sempre estive do lado certo. Estou cada vez mais convicta de que sempre lutei e continuarei lutando por um mundo melhor, livre do ódio, do racismo, do preconceito, do machismo, da misoginia, da homofobia, do fascismo. Dilacerada ainda, mas em paz”, escreveu a professora.

    Friggi também publicou uma foto dos ferimentos que as agressões provocaram em seu rosto. Ela está com um olho roxo e um corte acima do supercílio. Na legenda, ela cobrou respeito aos professores. “Brasil, volte a olhar por nós, professores, não só hoje, mas sempre.”

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    A agressão

    Segundo Friggi, o agressor estava com o livro sobre as pernas durante a aula e, depois de um pedido para que o colocasse sobre a carteira, ele respondeu: “Eu coloco o livro onde eu bem quiser”. Ao ouvir da professora que “as coisas não são assim”, o jovem teria dito “vai se f…” e, então, sido expulso da sala de aula. “Ele levantou para sair, mas no caminho jogou o livro na minha cabeça. Não me feriu, mas poderia”, contou a professora.

    Já na direção do colégio, segundo o relato de Friggi, ela informou o acontecido e foi acusada pelo jovem de mentir. A professora afirma que as agressões começaram quando ela tentou argumentar, dizendo que “a sala toda viu”. “Não deu tempo para mais nada. Ele, um menino forte de 15 anos, começou a me agredir. Foi muito rápido, não tive tempo ou possibilidade de defesa. O último soco me jogou na parede”, disse.

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