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Presidente da Fundação Palmares ataca congolês assassinado: “vagabundo”

Bolsonarista, Sérgio Camargo disse que morte brutal de Moïse Kabagambe em quiosque no Rio teve relação com "selvageria no qual vivia e transitava"

Por Marina Lang 11 fev 2022, 20h26

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, atacou o congolês Moïse Kabagambe – assassinado após uma sessão de espancamentos em um quiosque da Barra da Tijuca (Zona Oeste do Rio de Janeiro) por cobrar diárias de trabalho – pelo Twitter nesta sexta-feira, 11. Sem provas, Camargo declarou que Moïse era “vagabundo morto por vagabundos mais fortes” e que sua morte não teria sido pelo fato de ele ser negro, mas pelo suposto “modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava”. Ele acrescentou ainda que o jovem “negociava com pessoas que não prestam”. A manifestação feita por meio da rede social gerou diversas críticas. Moïse foi vítima de uma sequência de agressões em 24 de janeiro depois de cobrar por duas diárias de trabalho atrasadas, segundo sua família relatou. Seu corpo foi achado amarrado em uma escada próxima do quiosque.

O congolês Moïse Kabagambe, assassinado em um quiosque do Rio
O congolês Moïse Kabagambe, assassinado em um quiosque do Rio (Reprodução/Arquivo pessoal)

“Moïse andava e negociava com pessoas que não prestam. Em tese, foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes. A cor da pele nada teve a ver com o brutal assassinato. Foram determinantes o modo de vida indigno e o contexto de selvageria no qual vivia e transitava, escreveu o presidente da Fundação Palmares, entidade que fomenta a cultura de pessoas negras. “Moïse foi morto por selvagens pretos e pardos – crime brutal. Mas isso não faz dele um mártir da ‘luta antirracista’, nem um herói dos negros. O crime nada teve a ver com ódio racial. Moïse merece entrar nas estatísticas de violência urbana, jamais na história”, declarou.

Post polêmico do presidente da Fundação Palmares
Post polêmico do presidente da Fundação Palmares (Twitter/Reprodução)

Em outra postagem, Camargo escreveu que “não existe a menor possibilidade de homenagem da Fundação Palmares ao congolês Moise. Ele foi vítima de crime brutal mas não fez nada relevante no campo da cultura. A Palmares lamenta e repudia a violência, mas não endossa as narrativas canalhas e hipócritas da esquerda”.

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Pré-candidato ao governo do Rio, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) rebateu os comentários de Camargo. “Estou acionando o Ministério Público para que o presidente da Fundação Palmares responda por essa conduta grotesca e inaceitável. A única coisa determinante é seu mau caráter e desumanidade”, disse o político. O presidente da Fundação Camargo ironizou: “Acione também a Liga da Justiça, mané!”, referindo-se a uma das maiores organizações criminosas da milícia do Rio de Janeiro. Freixo presidiu a CPI das Milícias, que em 2008 indiciou mais de 200 paramilitares.

O procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, também reagiu. “Esse VAGABUNDO vai responder por essa mentira absurda que está falando. A família do Moïse está estarrecida com essa fala criminosa desse sujeito. Já estamos estudando as medidas cabíveis”, escreveu em seu perfil do Twitter.

Advogado Rodrigo Mondego rebate presidente da Fundação Palmares
Advogado Rodrigo Mondego rebate presidente da Fundação Palmares (Twitter/Reprodução)
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