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Preocupado com CNBB, Temer chamou núncio apostólico ao Planalto

Michel Temer quis explicar a reforma da Previdência ao embaixador da Santa Sé no Brasil, o núncio apostólico dom Giovanni d’Aniello

Por Felipe Frazão Atualizado em 5 Maio 2017, 21h21 - Publicado em 5 Maio 2017, 17h55

Com interlocução fragilizada junto à Igreja, foi o presidente Michel Temer quem convocou para uma reunião no Palácio do Planalto, na quarta-feira pela manhã, o embaixador da Santa Sé no Brasil, o núncio apostólico dom Giovanni d’Aniello. O encontro se deu ao mesmo tempo em que ocorria em Aparecida (SP) a 55ª Assembleia-Geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O governo anda preocupado com oposição dos líderes católicos nacionais a seus projetos reformistas.

Temer interrompeu a agenda com deputados para receber em seu gabinete o representante do Vaticano – e do papa Francisco, que ainda não aceitou convite do presidente para vir ao Brasil neste ano. O presidente fora aconselhado por parlamentares de sua base aliada dois dias antes a buscar um contato direto com o Vaticano, dada a resistência da CNBB às reformas trabalhista e da Previdência, a principal do governo.

Temer explicou ao núncio apostólico detalhes da reforma da Previdência e entregou a ele documento com dados em defesa do projeto aprovado na comissão especial da Câmara dos Deputados. O discurso do governo é de que as mudanças são necessárias e protegem a aposentadoria da camada mais pobre da população.

Na sexta-feira anterior, padres e religiosos católicos, como as comunidades eclesiais de base (um dos berços do petismo), marcaram presença nas marchas da greve geral, inclusive na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. No fim de março, o Conselho Permanente da CNBB pediu mobilização social e criticou a reforma da Previdência. Em nota oficial, o órgão disse que o projeto do governo “escolheu o caminho da exclusão social” e que “nenhuma solução para equilibrar um possível déficit pode prescindir de valores éticos-sociais e solidários”, enquanto a reforma tratava a Previdência sob a ótica “estritamente econômica”. Segundo os bispos, o governo discute a reforma com base em informações “inseguras, desencontradas e contraditórias”. “O debate não pode ficar restrito a uma disputa ideológico-partidária e sujeito a influências de grupos dos mais diversos interesses”, diz a nota.

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Logo depois da visita de dom Giovanni d’Aniello, a CNBB voltou à carga contra as reformas e ainda criticou a degradação da política nacional e a corrupção – desta vez sem citar governos, nem partidos, de forma indireta. A nota de encerramento da Assembleia-Geral da CNBB afirma que o Brasil é um “país perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”.

“O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção”, diz o texto. “O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população… Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário.”

Em entrevista à Rede TV!, Temer argumentou que apenas setores da Igreja e “parte da CNBB” se opõem publicamente às reformas. O peemedebista também disse que já havia se comprometido a enviar informações aos bispos e se conversado com líderes como dom Sergio da Rocha, dom Odilo Scherer, dom Cláudio Hummes e dom Damasceno Assis.

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