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Controladoria de SP investigará Sturm por suspeita de assédio

Procedimento foi aberto após gravação de conversa entre secretário e assessora. Ele se diz alvo de chantagem. Ela não fez denúncia, mas pediu demissão

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h33 - Publicado em 17 jan 2018, 12h43

A Controladoria-Geral do Município (CGM) da prefeitura de São Paulo abriu uma investigação para apurar a conduta do secretário municipal de Cultura, André Sturm, depois que um áudio divulgado em redes sociais e no WhatsApp levantou suspeitas de que ele assediou a coreógrafa Lara Pinheiro, sua assessora direta.

A conversa, gravada por Lara, aconteceu no final de novembro.

Ao fim de uma discussão, Sturm diz que pretende demiti-la e ela sugere que o motivo seria sua recusa em fazer sexo durante uma viagem dos dois a Montreal, no Canadá, cerca de vinte dias antes. Ele a chama de “mau-caráter”, “desonesta” e “grosseira”.

Sturm chega a dizer que a viagem “não foi a trabalho” e que não se importava com o namorado dela. Além disso, fala: “Se eu quisesse te c…, teria tomado iniciativas anteriores” (e não a levado ao Canadá).

Por meio de seu advogado, Lara afirma que não é responsável pelo vazamento do áudio. Ela não fez queixa de assédio – seja de modo formal ou em declarações públicas.

A investigação foi aberta por iniciativa do controlador Guilherme Monteiro Mendes após tomar conhecimento do áudio e das suspeitas levantadas por ele.

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Em entrevista a VEJA concedida na última terça-feira, o secretário negou que tenha havido assédio. “Eu não acredito que fiz algo de errado. Assédio sexual é um tema do mundo atual. Queriam me acusar disso.”

Sturm diz ter sido alvo de chantagem. Ele conta ter tomado conhecimento da gravação na última sexta-feira, quando um envelope endereçado a ele foi deixado em cima de uma mesa na Secretaria. Dentro, relata, havia uma carta anônima com acusações diversas ao seu trabalho, que exigia as demissões de duas profissionais (a secretária-adjunta, Marília Alves Barbour, e a chefe de gabinete, Juliana Velho) e informava sobre a existência da gravação. Na carta, que mostrou à reportagem, há a sugestão de que as exonerações seriam a condição para que o áudio não viesse a público.

Assessora pede demissão

O advogado de Lara Pinheiro, Augusto de Arruda Botelho, afirma que ela não fará denúncia contra o secretário André Sturm. Informa também que ela pediu demissão do cargo. Trabalhará na secretaria até o dia 31.

Escute o áudio abaixo:

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Viagem

No começo de novembro, o secretário André Sturm pediu ao prefeito João Doria (PSDB) para se licenciar de forma não remunerada entre os dias 6 e 8 de novembro, na continuação do feriado de Finados, para que pudesse fazer uma viagem e, segundo ele, “espairecer”. Sturm alega que convidou Lara para acompanhá-lo, pagando despesas com passagem aérea e hospedagem, em virtude de “contatos com várias pessoas do meio cultural” previstos para os mesmos dias.

“Eu optei por me licenciar para poder ter mais tempo livre do que eu teria se viajasse oficialmente. Além do mais, eu sofri muita pressão no primeiro semestre do ano passado, não queria que tirassem uma foto minha tomando vinho, em um restaurante, e fossem dizer que estava me aproveitando do dinheiro público”, argumentou. Na gravação, ele afirma à assessora que não era uma viagem de trabalho. “Então você mentiu para mim”, responde Lara.

Ao chegarem no Canadá, só havia um quarto reservado para que os dois se hospedassem. Segundo Sturm, houve um engano. “Eu tenho dificuldade de mexer em internet, mas fiz em um aplicativo porque estava muito caro. Me enganei. Achei que tinha reservado dois quartos com uma cama e reservei um quarto com duas camas”. Com a lotação do hotel, eles só teriam corrigido o engano dois dias depois, quando alugaram um apartamento.

O secretário afirma que não fez nenhuma tentativa de relação sexual. Sobre o trecho no qual diz que mostraria troca de mensagens entre os dois para o namorado da assessora, ele alega que foram convites amigáveis para passeios fora do horário de trabalho. “Como uma mulher de 50 anos que chamou outro homem de 50 anos para tomar uma taça de vinho pode reclamar de ter sido assediada por este homem?”

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Procurada, Lara não quis conceder entrevista.

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