Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

População carcerária triplica em 20 anos; déficit de vagas chega a 312 mil

Quantidade de presos atingiu 773.151 no primeiro semestre de 2019, diz Depen

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 fev 2020, 07h19 - Publicado em 14 fev 2020, 06h01

A população carcerária brasileira triplicou desde o ano 2000 e atingiu 773.151 pessoas no primeiro semestre de 2019. Os dados inéditos, a que VEJA teve acesso, serão divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. No ano 2000, o primeiro da série histórica do novo levantamento do Depen, havia 232.755 presos em todo o país, embora o número de vagas existentes nas carceragens fosse de apenas 135.710. Até junho do ano passado, eram pouco mais de 461.000 vagas para abrigar os quase 800.000 detentos – as informações levam em conta presos em diversos regimes de cumprimento de pena e incluem até acusados contra os quais foram impostas medidas de segurança, como o autor da facada contra o então candidato Jair Bolsonaro, Adélio Bispo, nas eleições de 2018. A taxa de aprisionamento, índice que mede a quantidade de pessoas presas a cada grupo de 100.000 habitantes, saltou de 61 em 1990 para 367,91 no primeiro semestre de 2019. A cifra também é a maior da série histórica.

“Não há muitos presos. A questão é o que você faz com o preso, e não a quantidade deles. O Brasil historicamente não fez muito bem o que deveria ter feito com os presos, que é coloca-los para trabalhar, tirar a ociosidade e construir vagas nas cadeias”, disse a VEJA o diretor-geral do Depen, Fabiano Bordignon. “O Brasil sempre foi muito negligente na criação de vagas para colocar o preso. [Os governos] Não fazem e por isso está igual o Rio de Janeiro agora”, afirmou.

Em setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu promover uma espécie de intervenção na reordenação do sistema prisional brasileiro e determinou que a União fosse impedida de contingenciar recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Na ocasião, pela primeira vez na história o STF acolheu a tese jurídica conhecida como “estado de coisas inconstitucional”, uma situação em que a Justiça reconhece a violação massiva, permanente e generalizada de direitos fundamentais, atesta a omissão histórica da administração pública e decide aplicar uma espécie de “remédio” para reverter a inércia das autoridades.

O recorte mais recente elaborado pelo Depen a ser divulgado nesta sexta mostra que 758.676 pessoas estão em cadeias ligadas ao sistema penitenciário nacional ou estadual, sendo 348.371 em regime fechado, 126.146 em semiaberto – quando o preso é autorizado a deixar a cela para trabalhar de dia e retorna à noite – e outras 27.069 em regime aberto. Há ainda 253.963 detentos encarcerados sem qualquer condenação, 721 em tratamento ambulatorial e 2.406 em medidas de segurança – nos dois últimos casos, por serem considerados semi-imputáveis ou inimputáveis, como Adélio. Existem, por fim, 14.475 presos em outras carceragens, como as de delegacias da Polícia Civil e cadeias públicas específicas.

Bordignon afirma que, embora o Brasil ostente a desconfortável posição de ter uma das maiores populações carcerárias do mundo (em números absolutos), estatísticas mais realistas deveriam levar em conta o percentual de presos em comparação com o contingente populacional do país. Por este raciocínio, dados de 2016 mostram que, proporcionalmente, a massa carcerária da Tailândia, de El Salvador e de Cuba supera a marca brasileira. Em Cuba, diz, eram 510 presos a cada 100 mil habitantes em 2016.

De acordo com o Depen, o Estado de São Paulo ocupa a primeira colocação entre as maiores populações carcerárias do país, com 233.755 presos, seguido por Minas Gerais, com 78.003 detentos, Rio de Janeiro (59.966 presos), Rio Grande do Sul (40.687 presos) e Pernambuco (33.555). Um dado preocupante é o fato de mais da metade de todos os presos no estado da Bahia estarem detidos sem nenhuma condenação – são 50,69% nesta condição do universo de 15.725 presos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.