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Policiais chegaram atirando, diz mãe de menina baleada no Rio

Jenifer Cilene Gomes, de 11 anos, foi morta com um tiro no peito na tarde desta quinta-feira (14)

Por Agência Brasil
14 fev 2019, 22h25

A comerciante Katia Cilene, mãe da menina Jenifer Cilene Gomes, de 11 anos, morta com um tiro no peito na tarde desta quinta-feira (14), afirmou que policiais já chegaram atirando à pequena favela onde ela mora e tem um bar, junto à estação de trem de Triagem, na zona norte do Rio de Janeiro.

“Moço, na porta do meu bar, a minha filha ser baleada, até quando isso vai continuar? Os policiais já chegam atirando. Não pode. Minha filha ganhou um tiro de fuzil no peito. Eles já chegam atirando, não querem saber de nada. Foram quatro tiros. Eles já chegam fazendo isso, então a gente nem sabe o que eles procuram. Minha filha estava na porta do meu bar, conversando com quatro crianças. De repente, saíram quatro disparos, e ela virou pra mim: ‘Mãe, eu tô baleada'”, contou, aos prantos, a comerciante.

Segundo Katia, não houve tiroteio antecedendo a chegada dos policiais, que, segundo a Polícia Militar (PM), estavam no local para investigar roubos de carga.

“Não tinha tiroteio. Quando socorreram a minha filha, não tinha tiroteio. Porque os quatro canas estavam vindo lá do ferro-velho. Mas de onde surgiu esse tiro? Não tinha bandido, não tinha ninguém armado. De onde surgiu? E só eles que apareceram. Foi quem, então? Eu não tenho arma, ninguém tem arma na minha família. Alguém foi, não foi?”, questionou Katia, em frente ao Hospital Salgado Filho.

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Perguntada como seria sua vida sem a filha, daqui para a frente, ela apenas respondeu: “Eu não posso posso fazer nada. Tenho que viver e enterrar minha filha”.

Versão da PM

A PM informou que Jenifer foi socorrida por policiais militares e levada para o Hospital Salgado Filho, onde já chegou morta. Em nota, a Secretaria de Estado da Polícia Militar disse que a informação foi passada pelo comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar (Méier), tenente-coronel Luiz Octávio Lopes. Segundo o coronel, ao chegarem ao local, os policiais viram pessoas carregando uma criança ferida. Na sequência, de acordo com a secretaria, a equipe prestou socorro à menina e a encaminhou para o hospital.

Rio de Paz

A organização não governamental (ONG) Rio de Paz emitiu nota dizendo que acompanha o caso da morte de Jenifer e que está solicitando auxílio do governo do estado para a família da menina, além de empenho na investigação. O Rio de Paz também lançou a hashtag #QuemMatouJenifer, com objetivo de buscar uma resposta no caso.

A organização instalará nesta sexta-feira, 15, às 13h, na Lagoa Rodrigo de Freitas, na altura da Curva do Calombo, um cartaz com o nome da menina Jenifer. No local já existe uma instalação com o nome de outras crianças que foram vítimas de bala perdida no Rio de Janeiro desde 2007. “É válido lembrar que, entre 2007 e 2019, 53 crianças foram mortas por bala perdida no Rio de Janeiro. Em geral, crianças pobres, moradoras de favela, mortas em confronto entre policiais e bandidos”, afirmou o presidente e fundador da ONG, Antônio Carlos Costa.

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