Polícia prende 13 suspeitos de comandar tráfico na Cracolândia em SP
Entre os presos, estavam pessoas envolvidas com o PCC e o Comando Vermelho; eles foram detidos na favela do Moinho, que fica próxima à região onde o crack é comercializado livremente
Nove mulheres e quatro homens foram presos nesta terça-feira pela Polícia Civil durante uma operação contra o tráfico de drogas na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Entre os detidos está Elizabete Soares dos Santos Moura, apontada como uma das principais fornecedoras de drogas da região. Também foram presas Miriam Vidal da Silva, estagiária da Defensoria Pública do Estado, e a mãe dela, Nesci Vidal da Silva. Segundo a polícia, as duas preparavam as substâncias para as vendas – e foram surpreendidas com crack e haxixe. Quatro suspeitos estão foragidos.
De acordo com o Departamento de Narcóticos (Denarc), Elizabete comprava o crack pronto no Mato Grosso de traficantes que atuam na fronteira com o Paraguai e negociam drogas com criminosos de lá. Ela tinha toda estrutura de transporte que fazia com que o crack chegasse na Favela do Moinho, no Bom Retiro, também no centro, para ser vendida na Cracolândia. A função era dividida com Valéria Antonio Cenciani. De acordo com a polícia, Valéria é carioca, está ligada ao Comando Vermelho e já cumpriu sete anos de prisão por tráfico de drogas. As duas ocupam o primeiro escalão da quadrilha.
O delegado Alberto Pereira Matheus Júnior disse que a Favela do Moinho era o ponto de distribuição da droga. “O crack ficava sob os cuidados do traficante Leonardo Monteiro Morja, conhecido como Chico Leo. Era ele quem cuidava da parte operacional e distribuía a droga para traficantes menores”. Morja está foragido e, segundo a polícia, tem a autorização do Primeiro Comando da Capital (PCC) para cuidar dos interesses da facção criminosa na Cracolândia. O traficante construiu uma casa de quatro andares e mais de vinte cômodos na favela que pode ser vista à longa distância.
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Desde março, investigadores estão infiltrados na Cracolândia. Eles filmaram traficantes vendendo drogas para viciados e também como ocorre a distribuição do crack pela quadrilha. “Nenhum traficante atua na Cracolândia sem o aval do PCC. Quem faz isso é obrigado a trabalhar para a facção pagando um pedágio ou acaba morto”, explicou o delegado. Matheus Júnior disse também que Elizabete e Valéria conquistaram prestígio junto às facções criminosas porque atuam no tráfico há quase 20 anos. “Elas recebem o dinheiro da facção, trocam por dólares e vão até o Mato Grosso fazer a compra. Quem tem uma responsabilidade como essa é porque conquistou respeito dentro do grupo criminoso”.
O Denarc diz que Elizabete enriqueceu graças ao dinheiro do tráfico. Ela morava com o marido em uma casa avaliada em quase 1 milhão de reais, em Sorocaba, no interior do Estado de São Paulo. O imóvel possui suítes com hidromassagem, piso de mármore, sala de cinema, churrasqueira e até vidro blindado. O companheiro também foi preso.
Quase 150 policiais participaram da operação. Foram apreendidos armas, crack, 40.000 reais e quase 50.000 dólares. “O mais importante não foram as apreensões, mas sim o fato de conseguirmos desarticular uma braço importante do crime organizado, pois essas peças que foram presas vão demorar para ser substituídas”, disse o delegado.
(Com Estadão Conteúdo)