Pesquisa contraria IBGE e diz que trabalho infantil acomete 36% dos jovens
Diferença se dá por conta de questões metodológicas
Embora grave, o trabalho infantil no Brasil é considerado um problema que afeta apenas 5% das crianças abaixo de 16 anos de idade, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) 2022, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas essa cifra pode estar consideravelmente subestimada e ser até sete vezes superior, de acordo com o uma pesquisa desenvolvida pelo professor de Educação da Universidade de Stanford, Guilherme Lichand.
O levantamento intitulado “Evidências da prevalência de trabalho infantil na população escolar brasileira” e realizado em maio revela que 36% das crianças e adolescentes do país em idade escolar exercem algum tipo de trabalho infantil. A pesquisa completa foi apresentada na sexta-feira, 30, no “Seminário Internacional Comemorativo dos 5 anos do Pacto Nacional pela Primeira Infância”, em Brasília.
Brasil profundo
O estudo entrevistou 2.889 alunos em 162 escolas urbanas e rurais, públicas e privadas, de todos os estados do país. Os alunos foram questionados se faziam alguma atividade por pelo menos uma hora de maneira remunerada ou alguma atividade não remunerada acompanhada de algum adulto.
A técnica de questionar diretamente a criança – ou o adolescente – no ambiente escolar se ela trabalha é bastante diferente da metodologia empregada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), seguida pelo IBGE, que dirige a pergunta aos pais ou responsáveis em seus domicíilos. Somente se a pessoa responsável pela casa responde afirmativamente é que o pesquisador se dirige aos menores para apurar as condições desse trabalho. Uma resposta negativa na primeira etapa é um fator importante para a subnotificação.