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Perícia vê ‘quebra-cabeça difícil’ na queda de avião com Teori

Investigadores apontam controvérsias nos relatos de testemunhas e apostam em perícia nos destroços e dados da caixa-preta para apontar causa do acidente

Por Leslie Leitão, de Paraty 
Atualizado em 20 jan 2017, 21h35 - Publicado em 20 jan 2017, 20h18

Os investigadores do Cenipa, órgão da Aeronáutica responsável pela apuração de acidentes aéreos, passaram a sexta-feira entre a água e o aeroporto. Da perícia que será feita nos destroços do avião virá um relatório que poderá apontar ou descartar eventuais falhas mecânicas de uma aeronave moderna, fabricada em 2007 e com todos os documentos em dia. Das entrevistas com testemunhas que viram ou ouviram qualquer detalhe, virá outro relatório. Este, tentando reproduzir em detalhes os últimos minutos do voo antes do choque no mar de Paraty.

Com a caixa preta (já encontrada), todo esse material será juntado para se chegar a uma conclusão sobre a causa do acidente que matou o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) e outras quatro pessoas, na tarde de quinta-feira. “Um quebra-cabeça difícil de ser montado, porque muita gente diz que viu muita coisa. Precisamos analisar tudo em detalhes”, diz um investigador do Cenipa na condição do anonimato.  

Tudo isso fará parte dos inquéritos que estão sendo tocados, paralelamente, pelas polícias Civil e Federal. Há, de fato, controvérsias nos relatos obtidos até aqui. Uma delas em relação às condições climáticas. Outra sobre a manobra que o avião teria tentado antes de cair na água.

João Paulo Vilella, operador do aeroporto, disse aos investigadores que o experiente piloto Osmar Rodrigues – de 56 anos e 30 de profissão, mais de 20 pousando em Paraty – telefonou por volta das 11h15 informando que sairia do Campo de Marte e desceria na pista entre 13h30 e 13h40. Disse também que perto deste horário pode ouvir Mazinho (como o piloto era conhecido) se comunicando normalmente com pilotos de outras aeronaves.

Esta, aliás, é a única forma de comunicação, já que o aeroporto não tem torre de comando e nem controladores de voo. “Os pilotos se organizam nesse sobe e desce”, diz o gerente do aeroporto, Elber Emanuel Dedini: “Esse aqui era o caminho da roça para o Mazinho. É um lugar onde ele pousava há quase 20 anos”, completa.

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João Paulo conta que, logo depois que a aeronave passou pela Serra de Paraty, levantou-se para buscar um guarda-chuva. “Na mesma hora em que ele se aproximou, começou a chover forte. Fui esperar ele fazer o retorno na baía, mas comecei a achar estranho que ele não voltava”. Inicialmente, achou que a aeronave havia arremetido em virtude da chuva forte que acabara de começar e seguido até cidades próximas como Angra dos Reis ou Ubatuba. O rádio pelo qual conseguia ouvir os pilotos, mas não falar, já não falava mais nada. Logo começaram as ligações indicando a queda de um avião.

 Ninguém esperava que fosse a aeronave pilotada por Mazinho: “Já vimos ele pousar em condições muito piores do que a que estava”, diz o funcionário. As condições climáticas no aeroporto não eram exatamente as mesmas que na água. Três barqueiros ouvidos por VEJA relatam que chovia, sim, no momento da queda. “Era uma chuva normal. O avião foi baixando, e eu avisei que ia cair. Vi uma fumaça branca que parecia a esquadrilha da fumaça. Ele passou por cima da gente, depois veio girando pra direita, bateu com a asa na água e caiu”, garante Célio de Araújo, de 55 anos.

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Para algumas testemunhas ouvidas pelos investigadores, a visibilidade havia sido reduzida a quase zero na hora do acidente. Uma hipótese levantada por especialistas é a de que o piloto teria tentado fugir da chuva, descido demais com a aeronave para tentar enxergar a pista (que estava a pouco mais de dois quilômetros) e batido na água. 

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