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PCC recruta venezuelanos em penitenciária de Roraima

Facção amplia sua participação internacional se aproveitando da crise que tomou o país vizinho que fez aumentar o número de estrangeiros encarcerados

Por Estadão Conteúdo
5 jan 2018, 09h04

A crise humanitária venezuelana está se somando a uma crise carcerária e de segurança pública brasileira na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, a maior de Roraima, com mais de 1,2 mil presos. Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), que dominam o presídio e há um ano foram responsáveis pela morte de 33 detentos, estão cooptando venezuelanos que chegam cada vez em maior quantidade às cadeias locais.

Desde o fim de 2016, com o agravamento da crise política e econômica na Venezuela, cujos impactos vão da precariedade do sistema de saúde à pouca oferta de produtos nos supermercados, os vizinhos decidiram migrar para o Brasil. A cidade de Pacaraima, na fronteira, e a capital Boa Vista são as que notam os efeitos do fluxo, que deixa um rastro de superlotação em abrigos públicos e um número incomum de pedintes nas ruas.

A situação tem culminado na prisão de venezuelanos que se envolvem em crimes como furto e roubo de celular, além da entrada ilegal de combustível, e tráfico de drogas. Dados da Secretaria de Justiça de Roraima mostram que de cinco venezuelanos presos o número passou para mais de 60 em um ano. Quem se aproveitou disso foram os integrantes da facção paulista PCC, que recrutam os estrangeiros para os quadros e fortalecem a conexão internacional em busca de armas, drogas e lavagem de dinheiro.

 

“Eles são intimidados e precisam se agregar a algum grupo para se fortalecer, e isso tem acontecido principalmente com o PCC. Dificilmente vemos venezuelanos entre os membros do Comando Vermelho (CV, facção do Rio de Janeiro)”, explicou  o secretário adjunto de Justiça e Cidadania (Sejuc), capitão da PM Diego Bezerra de Souza.

Após o massacre em janeiro, a secretaria decidiu retirar todos os inimigos do PCC que ainda estavam presos na penitenciária. Eles foram levados para a Cadeia Pública de Boa Vista, que se transformou em reduto do Comando Vermelho, grupo criminoso que após os assassinatos viu despencar o número de filiados.

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Emergência

A cônsul da Venezuela em Roraima, Gabriela Ducharne, diz que a falta de informações fornecidas pelos presos impede que sejam tomadas providências. Procurado, o  Ministério da Justiça não se posicionou sobre a atuação do PCC em Roraima. Afirmou que o serviço de inteligência da pasta recebe informes das polícias locais.

No dia 4 de dezembro, o caos migratório levou a governadora Suely Campos (PP) a decretar situação de emergência no Estado. Nas ruas de Boa Vista, a prefeitura ainda tenta impedir que venezuelanos vendam produtos e limpem para-brisas nos semáforos, cena pouco comum antes da onda migratória.

A Rodovia BR-174, que dá acesso à Penitenciária Monte Cristo, é a mesma que, 200 quilômetros à frente, vai dar em Santa Elena de Uairén, principal porta de entrada dos estrangeiros em território brasileiro na região.

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Dos 726 mil detentos no sistema prisional do País, há 2,6 mil, estrangeiros, segundo relatório do. Dos estrangeiros, 56% são do continente americano. O relatório soma dados relativos a julho de 2016, quando em Roraima havia 31 estrangeiros, 1,3% dos presos do sistema local. O estado tem um total de 2,7 mil presos e um déficit de 1,2 mil vagas.

O capitão Diego Bezerra, disse esperar melhorias ao longo de 2018, com a reforma do presídio, construção de uma unidade em Rorainópolis, a cerca de 290 quilômetros da capital, e de uma nova cadeia. Questionado sobre o risco de novas mortes, o secretário disse não acreditar em novos episódios como o massacre de janeiro, mas que as mortes infelizmente acontecem.

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