Parte de teto de túnel cai na Zona Sul do Rio de Janeiro
Estrutura do túnel acústico Rafael Mascarenhas atingiu a parte da frente de um ônibus. Motorista disse a canal de TV que ninguém no veículo se feriu
Um deslizamento de terra no início da tarde desta sexta, 17, causou o desabamento de parte do teto do túnel acústico Rafael Mascarenhas, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro. Uma das placas de concreto atingiu um ônibus da linha 104, que faz o itinerário São Conrado-Rodoviária, mas o motorista e passageiros não ficaram feridos.
Em entrevista ao canal GloboNews, o motorista do ônibus, Tiago Santos, disse que viu quando o teto desabou e reagiu. “Vi a ribanceira caindo e joguei o ônibus para parar o trânsito”, relatou.
Veja no mapa abaixo o local do desabamento:
O túnel acústico Rafael Mascarenhas e o túnel Zuzu Angel, que vem logo em seguida, estão com o trânsito interditado nos sentidos São Conrado e Gávea, o que impacta o tráfego na auto-estrada Lagoa-Barra. Segundo o Centro de Operações da Prefeitura, a ponte da Joatinga, que liga a Barra da Tijuca a São Conrado, tem pontos de bloqueio da CET-Rio, que elaborou um plano de contingência para a região por conta do desabamento.
Como a Avenida Niemeyer, outra via de acesso entre as zonas Sul e Oeste, também está fechada devido a um deslizamento de terra nesta quinta-feira, sobraram poucas alternativas para o trajeto de carro entre a Barra e a Zona Sul. Uma dela é a Estrada da Gávea, via estreita que passa por dentro da Favela da Rocinha. O outro caminho, de 19 quilômetros, é pelas estradas das Canoas e Dona Castorina, que cortam a Floresta da Tijuca, área também sujeita a deslizamentos. A Linha 4 do metrô, que chega à Barra, funciona normalmente.
Às 12h35, antes da queda do teto do túnel, o Centro de Operações informou que o Rio havia entrado em estágio de crise por ocorrências que afetam a mobilidade na cidade, incluindo o deslizamento que levou ao bloqueio da Avenida Niemeyer e um acidente no túnel Rebouças, principal ligação entre as zonas Sul e Norte do Rio de Janeiro. A cidade foi atingida por fortes chuvas na manhã de hoje.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação informa que a estrutura do Túnel Acústico Rafael Mascarenhas é feita para servir como uma barreira sonora para a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e o Conjunto Residencial Marques de São Vicente, na Gávea. Aquela cobertura não foi projetada para receber sobrecarga de peso. O solo da encosta próxima ao local do desabamento ficou encharcado por conta do volume de chuva e deslizou, atingindo a cobertura. Não havia nenhuma construção no local.
Técnicos da Geo-Rio, Subsecretaria de Infraestrutura e RioLuz estão no local. A energia já foi desligada para o início dos trabalhos de limpeza e retirada da estrutura. Ainda não há previsão para o término dos trabalhos, que vai durar toda a noite.
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), esteve no local do desabamento. Por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, ele orientou funcionários da prefeitura que não estejam envolvidos nos trabalhos no local a terminarem o expediente mais cedo e pediu aos moradores da Zona Sul e da Barra da Tijuca que evitem sair de casa.
“Quero pedir aos funcionários públicos para que a gente interrompa as atividades mais cedo, possam ir pra casa no sentido de que a hora do rush a gente tenha menos população na rua. Quem mora na Zona Sul e quem mora na Barra da Tijuca, se puder evitar sair de casa hoje, indo de um lugar para o outro, seria melhor. A gente vai ter só a Linha Amarela, devido à Niemeyer, o túnel e a Lagoa-Barra estarem com problemas. Vamos começar a trabalhar a partir de agora, tem escoramento pra fazer, tem muito entulho pra ser retirado, tem uma encosta pra ser vigiada e talvez obras a serem feitas”, declarou.
Inaugurado em 1971, o túnel acústico, com 465 metros de extensão, é um viaduto cercado e coberto por placas de concreto e fica entre uma encosta e o câmpus da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). A obra foi a solução encontrada para dar acesso ao Túnel Zuzu Angel. Na época, a PUC pressionou as autoridades para que não fosse construído um túnel sob seu câmpus, previsto pelo projeto original da Autoestrada Lagoa-Barra. Para a construção do falso túnel, houve a necessidade de abertura de vão em um prédio vizinho ao câmpus, edifício destinado a moradias populares.
Em 2013, o túnel acústico ganhou o nome de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães que, em 2010, morreu ao ser atropelado no local.