Paciente infectado por HIV após transplante é internado no Rio
Grupo tem sido monitorado, e canal de emergência dedicado às pessoas infectadas foi acionado neste domingo
Um dos seis pacientes infectados por HIV no Rio após transplante foi internado neste domingo, 20. Até então, o estado de saúde do grupo era monitorado, com apoio ambulatorial e psicológico. A internação foi feita no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como foi definido em protocolo. Como mostrou VEJA, o caso não tem precedentes no Sistema Nacional de Transplantes (SNT).
Segundo a Secretaria de Saúde do estado do Rio, o paciente internado acionou o canal de emergência dedicado exclusivamente para o monitoramento do grupo, que recebeu órgãos transplantados de duas pessoas infectadas por HIV. “Uma junta de especialistas também foi montada e estará à disposição permanente dos médicos que já acompanhavam esses pacientes para discussões e aconselhamento técnico”, diz a pasta.
Conforme mostram as investigações até o momento, houve uma quebra do controle de qualidade da substância usada para testar os doadores, no PCS Lab Saleme, laboratório responsável pela testagem. O erro, de acordo com a polícia, teria sido proposital e motivado por lucro.
Até o momento, foram presas cinco pessoas em meio à investigação. A prisão mais recente foi a de Adriana Vargas dos Anjos, coordenadora técnica do laboratório, apontada em um dos depoimentos como a responsável por dar a ordem de economizar. O controle de qualidade da substância usada nos testes deveria ser feito diariamente, mas o procedimento era realizado com frequência apenas semanal, segundo a polícia. Tal atitude teria interferido no resultado dos dois doadores testados, levando a um falso negativo.
Desde as infecções, o Hemorio tem feito uma segunda bateria de testes para verificar se há outras infecções não rastreadas até aqui. Reconhecido internacionalmente pelo rigor e abrangência, o Sistema Nacional de Transplantes tem a segurança como pilar desde a década 1960, e se aprimorou a partir de então, sobretudo depois que a legislação sobre o tema foi implementada, em 1997. As infecções, contudo, registram uma mancha no sistema, ainda sem todos os esclarecimentos sobre as razões do problema.