Os encontros sigilosos de Guido Mantega na Presidência da República
Ex-ministro fez pelo menos cinco viagens 'urgentes' de São Paulo para Brasília, pagas com recursos dos cofres públicos

Uma reportagem publicada na edição impressa de VEJA desta semana mostra o esforço do governo Lula para resgatar petistas que ao longo dos últimos anos foram investigados, condenados e até presos por crimes como corrupção. A lista inclui, entre outros, figuras como o ex-ministro José Dirceu e a ex-presidente Dilma Rousseff. O empenho do momento é para trazer de volta o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega.
Lula já tentou, sem sucesso, colocar o ex-ministro nos conselhos de administração das empresas Vale e Braskem. A investida agora mira o conselho fiscal da Eletrobras. O empenho do presidente em redimir os antigos companheiros tem, inclusive, desdobramentos financeiros. Entre novembro de 2023 e dezembro de 2024, Mantega supostamente teve vários encontros com Lula fora da agenda oficial.
O ex-ministro da Fazenda foi apontado como responsável por erros na condução da política econômica e pelas manobras contábeis que resultaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Depois de deixar o governo, em 2015, ele foi investigado por corrupção, chegou a ser preso e assumiu ter uma conta bancária não declarada no exterior. Os processos, porém, acabaram arquivados.
O Portal da Transparência do governo mostra que a Presidência da República pagou pelo menos cinco viagens “de urgência” de Mantega para Brasília, para reuniões que teriam acontecido no “gabinete presidencial” e no “gabinete pessoal do presidente”. As passagens aéreas, bancadas com dinheiro do contribuinte, custaram 21 mil reais.
Planalto não revela com quem Mantega se encontrou na Presidência
Indagado a respeito das viagens, o Palácio do Planalto disse que “não houve agenda do presidente Lula com Guido Mantega nas datas citadas”. A Secretaria de Comunicação, no entanto, se recusou a informar com quem então o ex-ministro teria se encontrado no “gabinete pessoal” e “presidencial” e o motivo da “urgência”. Procurado, Guido Mantega também não quis se pronunciar.
Após os supostos encontros, Mantega foi contemplado com um cargo no conselho fiscal da Eletrobras, a estatal que foi privatizada no governo de Jair Bolsonaro. A União tem uma fatia de 45% da empresa. O nome do ex-ministro ainda vai passar pelo crivo de uma assembleia extraordinária da empresa no próximo dia 29.