O PT não economiza dinheiro para tentar eleger candidatos do MST
Um dos principais cabos eleitorais do movimento é o ex-ministro José Dirceu, condenado nos esquemas do mensalão e do petrolão
O MST inscreveu 591 candidatos nestas eleições municipais. Distribuídos por 22 Estados, quase todos disputam uma vaga de vereador — e quase todos pelo PT. O partido do presidente Lula está investido fortemente nos concorrentes do movimento, que, além de aliado histórico dos petistas, é responsável pela maioria das invasões de terras no país.
Em Minas Gerais, o MST tem 22 candidatos. Alguns deles receberam 300 mil reais em doação, como é o caso de Bruno Peralva, que tenta uma vaga na Câmara Municipal de Belo Horizonte. Vários concorrentes de outros partidos captaram até agora menos de 5 000 reais. No Rio de Janeiro, seis sem-terra concorrem ao posto de vereador. Maíra do MST, por exemplo, já recebeu 307 000 reais do PT.
O valor do repasse varia conforme o Estado. Em Pernambuco, onde o movimento tem 27 postulantes, Tomás do MST recebeu 100 000 para disputar uma vaga no Recife. A unidade da Federação com o maior número de candidatos do MST é a Bahia, com 57. No Rio Grande do Sul, são 45. Em São Paulo, 37.
Ex-ministro José Dirceu grava vídeo pedindo votos para candidatos do MST
Um dos principais cabos eleitorais do MST nestas eleições é José Dirceu, ministro da Casa Civil no primeiro governo de Lula e condenado tanto no processo do mensalão quanto pela Operação Lava-Jato. De volta à articulação política, Dirceu gravou recentemente um vídeo pedindo votos para os integrantes do movimento. “Vamos dar a eles lugar nas câmaras municipais para defender a agricultura familiar, a produção de alimentos, o meio ambiente e a democracia”.
Durante o governo de Jair Bolsonaro, as invasões de terra caíram de forma drástica no país. Com a volta de Lula ao poder, o MST passou a sonhar com a retomada de influência e de acessos privilegiados aos cofres e cargos públicos. O movimento conseguiu o direito de fazer nomeações para a máquina federal, mas alguns de seus líderes têm reclamado da lentidão da gestão petista na questão fundiária. O socorro financeiro do PT pode até não acabar com as reclamações, mas ajuda a distensionar a relação entre as partes.