A cidade do Rio de Janeiro está vivendo uma epidemia de dengue. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde fluminense, de 1º de janeiro até esta quarta-feira (19 de março), a capital já registrou 20.269 casos da doença. Mais de 1.200 foram confirmados apenas nesta quarta. São 346 casos para cada 100.000 habitantes. Como a classificação do Ministério da Saúde estabelece que um epidemia se configura quando as taxas de incidência são superiores a 300 casos por 100.000 pessoas, o quadro no Rio não pode ser definido de outra forma.
Embora a Prefeitura negue, os dados não a deixam mentir: nos bairros onde a situação é mais crítica, a incidência chega a ser 20 vezes maior do que o mínimo necessário para caracterizar epidemia. Até agora, 29 pessoas morreram por conta da doença neste ano no Rio de Janeiro. O bairro que tem a pior situação é Curicica, na zona oeste, onde foram registrados 6.969 casos por 100.000 habitantes. O quadro é crítico também em Camorim, Gardênia Azul, Anil Jacaré e Saúde.
Para piorar, nesta quarta-feira, o infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migovski, alertou que o número de casos de dengue no Rio de Janeiro pode ser 30 vezes maior do que o anunciado pelos órgãos de saúde. De acordo com reportagem da Agência Brasil, Migovski disse que apenas um em cada dez casos é notificado pelos médicos que fazem atendimento nas emergências dos hospitais. Além disso, nem todos as pessoas infectadas apresentam os sintomas da doença
Prefeitura – Se utilizando de argumentos técnicos, o prefeito do Rio, Cesar Maia, afirmou que os casos estão diminuindo. “Os números de confirmação de dengue por exames laboratoriais chegam defasados. Quando fazemos as correções por amostras e pelos exames laboratoriais, confirmamos que o pico se deu entre fins de janeiro e início de fevereiro e, nesse momento, estamos com curva declinante que só podemos confirmar em mais uns dias”, afirmou Maia, conforme relata a Agência Estado.
O diretor-geral do Hospital Estadual Getúlio Vargas, Marcelo Soares, discorda do prefeito. Sua expectativa é a de que a epidemia aumente com as chuvas de março. Soares, que dirige o hospital com o maior número de leitos reservados para pacientes com dengue, disse que cerca de 80% das pessoas chegam à unidade com suspeita da doença. “O pior é que a maioria dos casos acaba se confirmando, porque nos primeiros sete dias o exame de sangue ainda não detecta a dengue”, disse ele.