Nos EUA, Bolsonaro fala de “boa” economia e exalta sua gestão na pandemia
Em ato na Flórida, presidente omite a alta da inflação e chega a falar do risco do Brasil virar o "país vizinho", sem citar nominalmente a Venezuela
A visita do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Orlando, nos Estados Unidos, se transformou em um grande ato da pré-campanha neste sábado, 11. Além de uma motociata, o presidente falou a apoiadores e evangélicos que vivem na Flórida. Aos potenciais eleitores, o mandatário deu uma versão muito peculiar da situação no Brasil. Ao microfone, destacou, entre outras, que “estamos indo muito bem na economia”. Não mencionou aos presentes no auditório, por exemplo, que a renda per capita do brasileiro atingiu o menor valor em dez anos. Também omitiu a alta dos preços, com uma inflação acumulada nos últimos doze meses de 11,73%.
Com orgulho, o presidente também falou aos brasileiros presentes, boa parte deles bolsonaristas, de sua gestão durante a pandemia no Brasil. “Talvez tenha sido o único chefe de estado do mundo contra a política de lockdown (política de isolamento)”, declarou. Em seguida, destacou: “Compramos vacina para quem quis e não exigi ou obriguei ninguém que a tomasse. Isso se chama liberdade. Nós devemos decidir o nosso futuro”. Em nenhum momento, mais uma vez, falou da desastrosa política de enfrentamento à Covid-19 no país, que já acumula mais de 668 000 mortes em decorrência da doença.
Em plena pré-campanha pela reeleição, aproveitando que estava diante de uma plateia com muitos evangélicos, Bolsonaro fez questão de tocar em assuntos polêmicos, mas deixando bem claro que está do lado do conservadorismo. Afirmou que “temos princípios, tradição”. E, logo em seguida, exaltou: “Nós somos contra o aborto, contra a ideologia de gênero, contra a legalização das drogas. Defendemos a família, a propriedade privada, a liberdade de armamento. Somos pessoas normais”.
Em seu discurso, Bolsonaro também falou do risco do Brasil mergulhar em problemas semelhantes a um país vizinho, sem citar, no entanto, o nome da Venezuela – que enfrenta a ditadura de Nicolás Maduro e níveis dramáticos de pobreza e fome. “Como chefe do executivo eu tenho que zelar por todos, até os que nos atacam. Os que não sabem ou que não querem ver que o que será do nosso país se formos no caminho do outro país, o mais rico em reserva de petróleo, ao norte do país”, alarmou. Acrescentou em seguida: “Não basta ser um país rico se a sua política, se as suas autoridades têm outro pensamento, o do poder pelo poder”.
A ida de Bolsonaro a Orlando, onde inaugurou um vice-consulado na cidade, marca o último dia de sua viagem aos Estados Unidos. Atualmente vivem no estado quase 500 000 brasileiros, cerca de 180 000 deles só na cidade que abriga os parques da Disney.