No Rio, menina de 5 anos é atingida por bala perdida e morre
De acordo com a organização não governamental Rio de Paz, é a 15ª criança entre 0 e 14 anos vitimada dessa forma nos últimos dois anos
O Rio de Janeiro continua a ser palco de tragédias envolvendo morte de crianças por balas perdidas. Neste sábado, 5, na Ilha do Governador, a menina Eloá Passos, de 5 anos, foi atingida enquanto brincava dentro de casa em uma comemoração em família. De acordo com a organização não governamental Rio de Paz, é a 15ª criança entre 0 e 14 anos vitimada dessa forma nos últimos dois anos.
A ironia é que, no momento em que Eloá foi atingida por um tiro no peito, do lado de fora de sua comunidade, conhecida como Morro do Dendê, estava acontecendo uma manifestação em protesto contra a morte de um jovem de 17 anos que teria trocado tiros com a PM durante a madrugada. A corporação estaria acompanhando a passeata, mas negou que houvesse operação policial na região no momento do ocorrido.
Após ser baleada, Eloá foi levada por familiares ao Hospital Municipal Evandro Freire, mas não resistiu aos ferimentos. No velório, familiares da menina cobraram o governador do Rio, Claudio Castro, pelas ações violentas dizendo que “na comunidade não tem só bandido”.
Levantamento do Instituto Fogo Cruzado, que monitorar tiroteios nos centros urbanos e seus impactos, mostra que, nos últimos sete anos, 601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio de Janeiro. Os dados foram registrados entre 5 de julho de 2016 e 8 de julho de 2023, quando 267 foram mortos e 334 ficaram feridos. Os adolescentes representam 78% das vítimas, sendo 231 mortos e 237 feridos. Entre as crianças, das 133 baleadas, 36 morreram e 97 ficaram feridas.
“A juventude é alvo no Rio de Janeiro e os dados do Fogo Cruzado mostram isso de maneira muito nítida”, avalia Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado. “Uma em cada três crianças ou adolescentes foi vítima de bala perdida. 48% deles foi atingido durante uma ação policial. É inacreditável esses números existirem e não termos nenhuma política de segurança que funcione como resposta a eles.”