No acampamento ao redor dos escombros, clima é de incerteza
Em meio ao sumiço das lideranças do movimento que liderava a ocupação irregular do prédio, desabrigados contam com a solidariedade dos paulistanos
Por Marcella Centofanti
Atualizado em 3 Maio 2018, 09h12 - Publicado em 2 Maio 2018, 14h21
Prédio desaba após incêndio no Largo do Paissandu, próximo à Avenida Rio Branco, na República, no Centro de São Paulo. O local já pertenceu à Polícia Federal, mas estava desativado e ocupado irregularmente - 01/05/2018 (Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
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1/33 Dom Odilo Scherer visita local onde prédio desabou no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
2/33 Escavadeira remove escombros de prédio do Largo do Paissandu, na região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
3/33 Famílias sem-teto que moravam no edifício Wilton Paes de Almeida recebem alimento de voluntários, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
4/33 Famílias sem-teto que moravam no edifício Wilton Paes de Almeida recebem alimento de voluntários, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
5/33 Bombeiros combatem incêndio no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
6/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Gustavo Basso/NurPhoto/Getty Images)
7/33 Escavadeira remove escombros após o edifício Wilton Paes de Almeida desabar no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
8/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
9/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nelson Almeida/AFP)
10/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
11/33 Bombeiros trabalham no combate ao incêndio que atingiu o edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, região central de São Paulo (SP) - 01/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
12/33 Menina de uma família sem teto que morava no edifício Wilton Paes de Almeida toma café da manhã doado por voluntários no Largo do Painsandu, em São Paulo- 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
13/33 Bombeiros trabalham para extinguir possíveis focos de incêndio no local de desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo - 02/05/2018 (Nacho Doce/Reuters)
14/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Rovena Rosa/Agência Brasil)
15/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)
16/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)
17/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Felipe Rau/Protegido: Estadão Conteúdo)
18/33 Prédio de 26 andares desabou durante um incêndio de grandes proporções no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. A Igreja Evangélica Luterana, que fica ao lado do prédio em chamas, também pegou fogo e parte da estrutura desabou - 01/05/2018 (Nelson Almeida/AFP)
19/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
20/33 Bombeiros trabalham entre os escombros de um prédio de 26 andares que veio ao chão após incêndio no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
21/33 Prédio desaba durante incêndio no centro de São Paulo (@bombeirospmesp/Divulgação)
22/33 Bombeiros tentam extinguir um incêndio em um edifício no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
23/33 Prédio desaba após incêndio no Largo do Paissandu, próximo à Avenida Rio Branco, na República, no centro de São Paulo. O local já pertenceu à Polícia Federal, mas estava desativado e ocupado irregularmente - 01/05/2018 (Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
24/33 Prédio desaba após incêndio no Largo do Paissandu, próximo à Avenida Rio Branco, na República, no centro de São Paulo. O local já pertenceu à Polícia Federal, mas estava desativado e ocupado irregularmente - 01/05/2018 (Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
25/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
26/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
27/33 Bombeiro tenta confortar uma mulher durante incêndio em um edifício ocupado por moradores sem-teto no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
28/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
29/33 Homem chora após ser resgatado de um edifício em chamas no Largo do Paissandu, no centro de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
30/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
31/33 Bombeiros trabalham em meio aos escombros de um edifício no Largo do Paissandu, região central de São Paulo - 01/05/2018 (Leonardo Benassatto/Reuters)
32/33(Reprodução/Google/VEJA)
33/33 Prédio desaba durante incêndio no centro de São Paulo (@bombeirosPMESP/Divulgação)
O cheiro de queimado chega à entrada do Sesc 24 de Maio, localizado no Centro de São Paulo. “É de lá, ó”, aponta o segurança em direção a uma fumaça que exala do Largo do Paissandu, no fim da rua. Quanto mais se avança em direção ao gás fumegante, a dois quarteirões dali, maior o odor. A fumaça vem de uma pilha de mais de 10 metros de escombros do que era o Edifício Wilton Paes de Almeida. O prédio pegou fogo e desmoronou na madrugada de terça-feira, deixando desabrigadas 150 famílias que o ocupavam irregularmente.
A área está isolada por cordões. Somente bombeiros, policiais, jornalistas e funcionários da prefeitura e de ONGs têm acesso. Na calçada, curiosos se aproximam quanto podem, na tentativa de ver com os próprios olhos e a câmera do celular o cenário da tragédia que abalou os brasileiros que acordaram no feriado do Dia do Trabalho.
Sobreviventes do incêndio espremem-se ao redor da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Trata-se de um templo católico de fachada amarela, e não a centenária Igreja Evangélica Luterana, que foi atingida pelas chamas e veio abaixo.
Acampados em barracas doadas por voluntários, colchões, cobertores e papelão, as pessoas fazem o que chamam de resistência. “A prefeitura quer nos mandar para abrigos. Eu não sou moradora de rua. Tinha uma casa com geladeira, fogão, cama, televisão e guarda-roupa. O que vou fazer num albergue, separada do meu marido e da minha neta?”, pergunta a vendedora ambulante Fabiana Ribeiro, de 38 anos, que morava no 1º andar do prédio com o marido de 24 anos, a filha de 17 e a neta de 2. Para ela, a prefeitura quer enviar os desabrigados para albergues para se livrar do problema. “Nunca mais vão fazer nada pela gente.”
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Doações não param de chegar. Pessoas trazem roupas, cobertores, produtos de higiene pessoal, comida e agua. Uma mulher que trouxe roupas usadas pergunta de que eles precisam. “De tudo”, reponde Fabiana. “Eu saí com a roupa do corpo. Nem os documentos peguei.” A filantropa pega na mão da desabrigada e diz: “Sinto muito por você”.
A ausência dos movimentos sem-teto
Um tema de controvérsia é o sumiço dos líderes do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM), responsáveis pela ocupação irregular do prédio. Segundo moradores, o movimento arrecadava mensalmente uma taxa para a manutenção do imóvel. Cada família pagava de 220 a 300 reais por mês, destinados a limpeza, luz e água. Quem fazia a cobrança era uma espécie de síndica, a quem se referem como Dona Nil. Ela não é vista entre os moradores desde o acidente, assim como a pessoa apontada como presidente do movimento, identificado como Ananias.
Quem conhece o paradeiro de Ananias não quer revelar. “Para que você quer saber disso?”, perguntam à reportagem. Já moradores têm medo de represália e evitam entrevistas quando o tema é a liderança do movimento. “Vá perguntar isso pra lá”, desconversam, apontando qualquer lado. “Só quem ajuda a gente é a população. A prefeitura não quer saber e as lideranças sumiram”, diz a vendedora Fabiana Ribeiro, que ocupa uma barraca com o marido. A filha e a neta de 2 anos foram para a casa de uma pessoa desconhecida que ofereceu abrigo à criança e à mãe adolescente enquanto um teto não vem.
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