Museu Nacional recebe a doação de mais de mil fósseis de colecionador
Acervo contribui para processo de reconstrução do acervo da instituição após incêndio de 2018
Em missão de reconstrução desde o incêndio que destruiu suas dependências em 2018, o Museu Nacional ganhou um presente para seu acervo nesta semana: a doação de 1104 fósseis, que pertenciam ao colecionador de origem suíço-alemã Burkhard Pohl. Encontrado nas formações Crato e Romualdo, localizadas no Nordeste brasileiro, o material paleontológico volta ao país após intermediação da mecenas e ativista cultural Frances Reynolds, uma argentina radicada no Brasil que há dois anos contribui para a renovação das peças do centro histórico e cultural no Rio de Janeiro.
Nascido em uma família com histórico artístico e cultural, Burkhard Pohl, hoje com 67 anos, desde muito novo coleciona fósseis, e tem em seu acervo peças variadas também de países da Europa e dos Estados Unidos. Ele é dono de uma das mais substanciais coleções privadas de fósseis do mundo — não à toa criou dois museus de história natural: o Centro de Dinossauros de Wyoming, nos EUA, e o Museu Paleontológico Sino-Alemão, em Liaoning, na China.
Na lista dos fósseis doados, como explica o diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner, estão “tartarugas, crocodilomorfos, plantas, insetos, pterossauros e até dinossauros que vão enriquecer as novas exposições”. Além disso, o material já tem sido utilizado por estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro para pesquisas. O acervo é originário da Bacia do Araripe, região localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, e data de mais de 100 milhões de anos.
Responsável pelo convencimento de Pohl para que fizesse as doações, Frances Reynolds conta que fez mais de 10 visitas a ele, algumas delas acompanhada por Kellner e outros paleontólogos brasileiros. “Me pediram ajuda por causa dos meus contatos fora do país. Amo o Brasil, moro aqui desde 1990 e tenho dois filhos brasileiros. Temos conversado com governos e coleções privadas, e pedi a Pohl apenas que nos doasse fósseis. Depois de dois anos, ele decidiu doar essa coleção”, conta a argentina.
Seis anos depois e ainda em processo de reconstrução de seu acervo, o Museu Nacional tem investido justamente na influência e na boa vontade de artistas e pessoas que transitam no meio, de modo conseguir mais doações, com orçamento limitado. “O Museu tem uma responsabilidade gigante, e sempre converso, digo que todos temos que ajudar. Senão com doações, com conversas, com nossos contatos”, completa Reynolds.