Morre Paulo Jares, o fotógrafo de VEJA que revelou os conflitos amazônicos
Profissional paraense morreu aos 51 anos, no Rio de Janeiro
O fotógrafo paraense Paulo Jares foi um dos mais ecléticos jornalistas de VEJA – capaz de registrar a delicadeza de grandes personalidades do mundo artístico do Brasil, como Baden Powell, Tom Jobim, Zeca Pagodinho e Paulo Coelho e, simultaneamente, mostrar os dramas dos índios amazônicos, a violência dos crimes contra a floresta, a ocupação desenfreada do norte do país, por meio de mineradoras e madeireiras.
Esse olhar amazônico, típico de um repórter investigativo, talvez tenha sido a grande marca de sua carreira – e poucos profissionais fizeram relato histórico tão minucioso dos problemas daquela região nos anos 1990 e 2000 quanto ele.
Em 1989, enviado pelo jornal A Província do Pará a Altamira, para o Primeiro Encontro das Nações Indígenas do Xingu, ele fez um dos mais conhecidos registros daqueles anos de confronto – a de uma índia caiapó ameaçando com um facão o diretor da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopez, durante protesto contra a criação da hidrelétrica de Kakarao, atual Belo Monte.
Mesmo depois de deixar Belém, a caminho de VEJA e, depois, do Jornal do Brasil, Jares nunca abandonou esse olhar que parecia correr em suas veias, filho de suas origens. A força das fotos, sempre muito bem enquadradas, e posteriormente de cores vivíssimas, em um tempo anterior ao exagero dos atuais tratamentos com programas de edição, parecia se contrapor ao jeito simples, afável e sempre cordato com que ele desfilava no cotidiano.
Para Paulo Santos, curador da obra de Jares, ele “esteve presente como fotojornalista em grandes momentos da história da Amazônia; desbravando a realidade amazônica, que mistura as cidades e as florestas sempre tão próximas, conseguiu cenas icônicas enquadradas por suas lentes”.
Jares morreu na segunda-feira, 19, no Rio de Janeiro, aos 51 anos.
Veja uma galeria de fotos de Paulo Jares feitas para VEJA: