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Milícia do Rio planejava eleger juízes, prefeitos, vereadores e promotores

Reunião entre paramilitares e políticos buscava organizar inserção nos 'Quatro Poderes', aponta investigação do MP e da Polícia Civil

Por Gustavo Silva Atualizado em 4 Maio 2023, 14h07 - Publicado em 4 Maio 2023, 13h54

Investigações do Ministério Público (MP) e da Polícia Civil mostram que o líder da segunda maior milícia do estado do Rio de Janeiro, Danilo Dias Lima, o Tandera, planejava controlar os ‘Quatro Poderes’, com nomeações para cargos de juízes, prefeitos, deputados estaduais, vereadores e promotores do Ministério Público. Em um encontro da alta cúpula dos paramilitares da Baixada Fluminense, Região Metropolitana do Rio de Janeiro, realizado em 2020, Tandera conversou com com pré-candidatos à prefeitura dos municípios de Nova Iguaçu, Queimados e Seropédica, e detalhou estratégias para dominar o cenário político da região. O MP aponta que os políticos negociaram secretarias de Governo, nomeações e favorecimentos em licitações com os milicianos, em troca de apoio na corrida eleitoral. As informações foram obtidas na operação Epilogue, deflagrada na última quarta-feira, 03, que prendeu cinco pessoas e cumpriu treze mandados de prisão e 25 de busca e apreensão.

O plano teria sido traçado em um encontro no dia 22 de abril de 2020, meses antes das eleições para prefeitos e vereadores. Na ocasião, Tandera revelou seu plano de ter aliados seus ocupando cargos nos Três Poderes, além de ter influência no MP, que chamou de ‘Quarto Poder’. “Enquanto a gente não alcançar o Legislativo, o Poder Judiciário, o Executivo, o ‘Quarto Poder’, a gente não vai conseguir nada”, reclamou o paramilitar.

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Das dez pessoas que participaram da reunião, seis foram denunciadas.  Além do miliciano Tandera, Marcelo Morais dos Santos e Gilson Ingracio de Souza Junior são acusados de envolvimento com organização criminosa, ameaça e extorsão, lavagem de dinheiro e porte ilegal de arma de fogo. Já os políticos Thaianna Cristina Barbosa dos Santos, pré-candidata à prefeitura de Mesquita pelo PSDB em 2020, Luciano Henrique Pereira, pré-candidato à prefeitura de Seropédica pelo PL, e Cornélio Ribeiro, pré-candidato pelo PRTB foram indiciados por ligação com organização criminosa. Nenhum deles conseguiu se eleger à época da disputa eleitoral.

De acordo com o relatório da Polícia Civil, Tandera chegou a revelar que seu plano estava sendo amadurecido há um longo tempo. “A milícia hoje em dia é um fruto de luta, né? Ela está em aclive, não em declive. Para vocês estarem aqui hoje, vocês sabem que lá na frente… tudo é um investimento. Eu tenho um pedido para fazer. Se não fosse para vocês, ia ser para outras pessoas que viessem com uma ideologia, mas a ideologia de vocês bate com a gente”, confidenciou aos convidados.

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Leia maisExtração de areia por milícia do Rio entra na mira da polícia

Tandera voltou aos holofotes depois que um esquema liderado por ele sobre a extração ilegal de areia foi revelado por VEJA no início de abril. O comércio chega a gerar receitas na ordem de  300.000 reais mensais. Um relatório da Ação Contra os Crimes Ambientais, Minerais e Tráfico de Animais Silvestres (ACCAMTAS) mostra que os municípios de  Seropédica e Itaguaí são responsáveis pelo fornecimento de 85% da areia da região metropolitana do Rio de Janeiro, mas tem somente 21% dos direitos minerários para esse tipo de material.

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Chefe do grupo, Danilo Dias Lima recebeu a alcunha de Tandera por ter tatuado no peito o “Olho de Tandera”, do desenho Thundercats. Segundo informações, a animação marcou sua infância e, por nostalgia, o criminoso quis homenagear a produção.

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