Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Maior contrabandista de migrantes do mundo é preso em São Paulo

Natural de Bangladesh, Saifullah al Mamun estava na lista da Interpol e foi um dos oito presos em operação da Polícia Federal nesta quinta

Por Da Redação Atualizado em 1 nov 2019, 06h58 - Publicado em 1 nov 2019, 01h09

Natural de Bangladesh, Saifullah al Mamun foi um dos oito presos na operação da Polícia Federal contra contrabando de migrantes executada na manhã desta quinta-feira 31. Ele, que é apontado como o maior contrabandista de migrantes do mundo, estava na lista da Interpol e teve sua prisão decretada nesta semana nos Estados Unidos.

Detido no Brás, região central de São Paulo, Mamun é suspeito de chefiar um esquema ilegal que levava sul-asiáticos aos Estados Unidos, passando pelo Brasil. Pela rota, cobrava de cada pessoa 47 mil reais.

As investigações que levaram à prisão começaram em maio de 2018, após uma denúncia anônima à PF, que teve a cooperação da agência americana para imigração, a U.S. Immigration and Customs Enforcement. No Brasil, a operação foi batizada de Estação Brás – mas aconteceu simultaneamente em outros 20 países.

Às autoridades americanas, os migrantes disseram que entram no Brasil pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos, com passaportes e documentos falsos. Saifullah oferecia até mesmo o registro de imigrantes (RNE) falsificado.

Eles são, em sua maioria, provenientes de países como Afeganistão, Bangladesh, Índia e Paquistão, dentre outros países do Sul da Ásia.

Os migrantes contrabandeados eram, então, transportados até o Acre, segundo a PF. “Nesse momento, os contrabandistas de São Paulo fazem contato com os taxistas de Rio Branco via aplicativos de conversa (WhatsApp, Telegram, Imo, Messenger etc.), e encaminham fotos dos migrantes para que os taxistas possam reconhecê-los no desembarque e levá-los até a fronteira do Brasil com o Peru.”

Continua após a publicidade

A seguir, atravessavam os seguintes países: Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Guatemala e México.

A jornada era cheia de riscos, na floresta. “Na região da fronteira da Colômbia com o Panamá, os migrantes atravessam a Selva de Darién, por cerca de cinco a dez dias a pé, enfrentando diversos perigos, como onças, animais peçonhentos e narcotraficantes.”

Já na fronteira do México com os Estados Unidos, os migrantes corriam o risco de ser sequestrados pelos cartéis mexicanos. Dentre aqueles que chegam ao destino final, os Estados Unidos, muitos podem ser presos por imigração ilegal.

Continua após a publicidade

A operação da PF contou com técnicas especiais de investigação, dada a complexidade dos fatos sob investigação. “Em especial a cooperação policial e jurídica internacional, ação controlada, quebra de sigilo bancário, interceptação telefônica e a busca e apreensão de e-mails dos investigados.”

Ainda de acordo com a Polícia Federal, o grupo teria utilizado diferentes estratégias para lavar US$ 10 milhões que movimentou no País entre 2014 e 2019, entre elas: uso de ‘laranjas’; saques e movimentações em espécie; transferências, saques e movimentações de valores fracionados; e operações de dólar-cabo.

Em agosto último, a PF deflagrou a Operação Big Five, que já mirou uma organização no Brás que atuava no contrabando de migrantes vindo da África Ocidental para os Estados Unidos. A Procuradoria denunciou três integrantes da organização, que acreditava contrabandear de 30 a 50 pessoas mensalmente pelo País.

Continua após a publicidade

Advogado ajudava no status de refugiado

O advogado Henrique Gonçalves Liotti, associado de Saifullah al Mamun, pedia o status de refugiado para alguns dos imigrantes.

Em um dos casos acompanhados pela PF, ele solicitou o status especial e declarou o endereço dos interessados como Rua Barão do Ladário, nº 859, Brás.

Continua após a publicidade

O endereço, no entanto, era do India Bangla Restaurante Ltda. e Asian Viagens e Turismo Ltda, empresas de Saiful Islam, outro associado de Saifullah al Mamun no contrabando de migrantes, informa a Polícia Federal.

“Dessa maneira, é possível constatar, de plano, que os migrantes nunca tiveram o ânimo de residir no Brasil para fugir de uma suposta perseguição política, mas sim a exclusiva intenção de migrar ilegalmente para os Estados Unidos, valendo-se para isso dos serviços ilegais da associação criminosa.”

Liotti ainda foi advogado de Nazrul Islam, outro integrante do grupo criminoso, na oitiva da Operação Philotheus, na qual a PF já investigava a prática de contrabando de migrantes. Nazrul e Liotti foram grampeados enquanto tratavam da recepção de alguns dos migrantes em Rio Branco. O advogado de Saifullah al Mamun não se manifestou.

Continua após a publicidade

(Como Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.