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Mãe de Vitória ainda não voltou para casa após assassinato da filha

Abalada e sem conseguir dormir direito, mesmo com remédios, professora Rosana Maciel Guimarães diz que não vai deixar caso cair no esquecimento

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 19 jun 2018, 20h11 - Publicado em 19 jun 2018, 20h10

Três dias após a confirmação da morte da estudante Vitória Gabrielly Guimarães Vaz, de 12 anos, que desapareceu no dia 8 de junho depois de sair para passear de patins, a mãe da menina ainda não teve coragem de voltar para casa, em Araçariguama, na região de Sorocaba – está sob os cuidados da avó, em Santo André, na Grande São Paulo. Ainda bastante abalada, a professora da rede municipal Rosana Maciel Guimarães, de 39 anos, diz que não vai descansar enquanto não souber o que aconteceu. “Não vou deixar esse caso cair no esquecimento”, diz.

Segundo Rosana, a sexta-feira do desaparecimento era um dia como qualquer outro. Acordou a filha para ir à escola, preparou o café da manhã, ajudou ela a se arrumar. Vitória costumava ir sozinha, caminhando, mas naquele dia pegou carona com o tio. Como dá aulas à tarde, sempre sai antes do almoço – por isso, a filha costumava almoçar com a tia, que mora em uma casa no mesmo terreno. Mas naquele dia Vitória não foi almoçar. Chegou em casa, tirou o uniforme, vestiu outra roupa, abriu o computador e enviou mensagem para o pai pedindo dinheiro para um passeio da escola. Pegou os patins, deixou o computador aberto e saiu sem avisar ninguém.

De acordo com a mãe, Vitória passou na casa de uma amiga com quem ela havia combinado de ir patinar, mas a colega desistiu de ir. “As câmeras de segurança mostram minha filha chegando perto do ginásio, sentando na calçada, vestindo os patins e patinando. De repente, sai para beber água e, quando volta, é abordada por alguém. E foi esse alguém que a sequestrou”, lamenta.

A professora diz que naquele dia chegou em casa por volta das 17h30, mas só se deu conta de que a filha não estava cerca de uma hora depois. Ligou para a irmã, para o ex-marido e para várias amigas. Até que falou com a amiga com quem Vitória ia patinar. Desesperada, foi correndo até o ginásio, mas não encontrou a filha. Perguntou para várias pessoas e ninguém sabia do paradeiro da menina. A professora foi, então, para a delegacia registrar um boletim de ocorrência, mas não conseguiu porque a polícia só faz o registro depois de 24 horas do desaparecimento.

Como não havia o apoio da polícia, a família decidiu agir logo e colocar nas redes sociais que a criança estava desaparecida. Em menos de uma hora, havia mais de 800 compartilhamentos. Amigos, familiares e vizinhos se uniram, mandaram fazer camisetas com a foto de Vitória e iniciaram um esforço conjunto telefonando para hospitais, necrotérios e rodoviárias em busca de alguma notícia da garota.

Enterro do corpo da menina Vitória Gabrielly, de 12 anos, no Cemitério Municipal de Araçariguama, no interior de São Paulo (SP) - 17/06/2018
Enterro de Vitória Gabrielly, de 12 anos, no Cemitério Municipal de Araçariguama, no interior de São Paulo (SP) – 17/06/2018 (Marcelo Gonçalves/Sigmapress/Estadão Conteúdo)

Os dias seguintes foram desesperadores – Rosana passou todas as noites praticamente em claro, à base de remédios. Separada do pai da menina desde que ela era bebê, vivia apenas com Vitória. Quando seu irmão avisou que um corpo tinha sido encontrado, a mãe diz que não acreditou que pudesse ser o da filha, apesar das informações de que os patins estavam ao lado e de que a descrição da roupa batia com o que a menina usava quando desapareceu. “Quando confirmaram que era ela, meu mundo desabou. Como voltar para minha casa sem a minha filha? Não consegui fazer isso até hoje. Minha vontade é não voltar nunca mais.”

Rosana diz não ter ideia do que possa ter acontecido com a filha. Nesta quarta-feira ela irá depor novamente na delegacia de Araçariguama, onde a investigação sobre o caso está sendo feita sob segredo de Justiça.

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