Lula reforça o time para tentar equilibrar a “guerra de narrativa”
Presidente reconhece que está perdendo a batalha de comunicação, recorre a marqueteiro de campanha e quer peças segmentadas para públicos específicos
Diante da queda de popularidade, o presidente Lula aproveitou a primeira reunião ministerial do ano para tentar dar um freio de arrumação na comunicação do governo, que não divulgaria de forma satisfatória as ações oficiais nem conseguiria equilibrar a “guerra de narrativa” travada com os aliados de Jair Bolsonaro nas redes sociais.
A cobrança foi geral, e não apenas para o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. Lula pediu aos auxiliares que falem mais sobre os projetos de suas pastas, viagem o país para apresentar as medidas e participem com mais entusiasmo do debate político no universo digital, arena em que o bolsonarismo leva vantagem. A ordem pode ser resumida da seguinte forma: menos gabinete, mais Twitter, Instagram etc.
Desvantagem
Mesmo com a melhora em importantes indicadores econômicos, como emprego e renda, o governo está perdendo popularidade. Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, 21, revelou que a aprovação e a rejeição à gestão Lula estão praticamente iguais: 35% a 33%, o que configura uma situação de empate técnico, considerada a margem de erro.
O presidente foi convencido de que, além das falhas da própria administração, contribui para esse processo de desidratação de imagem o que o petista José Dirceu, chefe da Casa Civil no primeiro mandato de Lula, chama de capacidade da “extrema direita” de usar determinadas pautas — como aborto e drogas — para espalhar “pânico moral” e desgastar a gestão petista. O governo e o PT estariam tomando uma surra dos adversários nas redes sociais. Daí a necessidade de reagir.
Alguns gestos já foram tomados nesse sentido. Lula se reuniu com o marqueteiro de sua última campanha, Sidônio Palmeira, convocado para aconselhar o ministro Paulo Pimenta. Palmeira tem bem mais conhecimento sobre a disputa nas redes sociais, conhece melhor as regras do jogo e defende, inclusive, que o PT use de armas parecidas às do bolsonarismo para conquistar apoio, como boas doses de informalidade e até de sensacionalismo.
Além de ajustes na forma de disseminar as mensagens, o governo pretende produzir material para segmentos específicos do eleitorado. Dois alvos definidos são mulheres de baixa renda, que demandam educação em tempo integral para os filhos e alimentos mais baratos, e os jovens, preocupados com a criminalidade. A promessa é de profissionalização da comunicação.