Justiça retoma caso da cerveja Backer sem previsão para ouvir réus
Tribunal deve ouvir 60 testemunhas de defesa; acusados de contaminar bebida e causar 10 mortes respondem em liberdade

A Justiça começou a ouvir na segunda-feira, 20, as testemunhas de defesa dos réus no Caso Backer, três anos após o escândalo envolvendo a cervejaria que causou dez mortes por intoxicação entre 2018 e 2020. Cerca de 60 pessoas devem prestar depoimento nesta segunda fase do julgamento que tramita lentamente há mais de dois anos, enquanto os acusados por adulterar as bebidas respondem em liberdade e sequer têm data para serem interrogados.
Dez dos réus ligados à Cervejaria Três Lobos Ltda. (proprietária da marca Backer) foram denunciados pelo envolvimento na adulteração de bebidas alcoólicas, sendo três sócios-proprietários da empresa; os outros sete são engenheiros e técnicos responsáveis pela produção da cerveja Belorizontina e respondem também por lesão corporal grave e homicídio culposo. Todos são acusados pelo Ministério Público de omissão por vender lotes da cerveja Belorizontina com altas doses dos anticongelantes monoetilenoglicol e dietilenoglicol, sabendo tratar-se de substâncias altamente tóxicas.
Além das dez vítimas fatais, 16 pessoas ficaram com sequelas irreversíveis devido ao consumo da cerveja contaminada. Até o momento, as únicas punições sofridas pela Backer foram multas aplicadas pelos ministérios da Agricultura e Justiça em 2022, totalizando cerca de R$ 17 milhões. O valor imputado, além de irrisório em face do absurdo dos crimes, não impediu os réus de retomarem a produção cervejeira no mesmo ano sem qualquer outra penalidade.