Justiça pede ajuda à Interpol para repatriar duas crianças no Líbano
Pai levou as duas filhas para o exterior sem o consentimento da mãe, que criou página na Internet para denunciar o rapto
Afastada de suas duas filhas há quase dois anos, a professora Bianca Moreira Carneiro, de 43 anos, está fazendo uma campanha pelas redes sociais para tentar reavê-las. A mãe criou uma página no Instagram para divulgar sua história, que envolve o rapto das gêmeas de 5 anos pelo ex-marido, um libanês com quem se casou no Distrito Federal e que levou as crianças para fora do país, sem sua autorização. O perfil, segundo ela, é um pedido de ajuda mas também serve como um alerta. “Desde que tudo aconteceu, conheci outras pessoas na mesma situação. Não tinha noção de que essa prática era tão comum”, disse Bianca.
As gêmeas foram levadas pelo ex-marido para a cidade de Hazerta, no interior do Líbano, em abril de 2022. Ele conseguiu deixar o Brasil com as meninas porque tinha em mãos uma procuração que autorizava a viagem sem a necessária presença do casal. Bianca afirma que os dois tinham tirado o passaporte um ano antes, quando seu então marido organizava uma viagem para o Líbano. A professora e as filhas iriam depois. Por isso, providenciaram a procuração.
O ex-marido usou o documento para raptar as filhas pouco tempo depois. Desde então, o contato entre elas é mínimo. “Durante as poucas conversas com minhas filhas, ele fica do lado monitorando, tentando até fazer com que elas repitam o que ele quer que diga”, disse.
Em fevereiro de 2022, dois meses antes do rapto, Bianca pediu o divórcio ao companheiro. O casamento, segundo ela, não ia bem. “Em algumas discussões que a gente teve, ele já tinha ameaçado ir embora de casa e levar as duas junto com ele. Nunca acreditei que seria verdade, muito menos que ele tivesse coragem de levá-las para fora do país”, afirmou.
Decisão da Justiça e pedido para a Interpol
Em agosto do ano passado, a Justiça do Distrito Federal concedeu à mãe a guarda das filhas e solicitou à Interpol ajuda para recuperar as crianças. A decisão, porém, não tem eficácia em território libanês. O país não é signatário da Convenção de Haia, que impede que crianças sejam retiradas de seu país de origem.
Bianca afirmou que suas advogadas receberam a confirmação de que o nome das gêmeas foi incluído na linha de difusão amarela da Interpol. A mãe diz que não cogita ir até o Líbano tentar resgatar as filhas por conta própria porque tem medo de não conseguir retornar ao Brasil.