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João de Deus deixa a prisão

Preso desde dezembro de 2018, o médium, de 77 anos de idade, vai para casa

Por Hugo Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 mar 2020, 19h49 - Publicado em 30 mar 2020, 16h19

O médium João de Deus, de 77 anos de idade, deve deixar a prisão nas próximas horas. Ele cumpre pena no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO), onde estava detido desde 16 de dezembro de 2018. A decisão para soltar João de Deus é da juíza Rosângela Rodrigues Santos, da Comarca de Abadiânia (GO). A previsão é que ele deixa a cadeia amanhã, pela manhã.

João foi condenado em dezembro do ano passado a 19 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado, por crimes sexuais contra quatro mulheres, que buscavam atendimento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, no município de Abadiânia.

Ele responde a outros processos por crimes sexuais e tem uma condenação por posse de armas de fogo. O médium está com as contas e os bens bloqueados e não conseguiu continuar pagando advogados. Quem fez a defesa dele na Justiça de Goiás foram os advogados Anderson Van Gualberto de Mendonça e Marcos Maciel Lara, sem inicialmente receber honorários.

Os dois advogados, no pedido de substituição da prisão preventiva pela domiciliar, sustentaram que se trata de pessoa idosa, acometida por doença grave, com histórico de progressiva piora a seu estado de saúde, sem que a unidade prisional onde se encontra possa oferecer tratamento adequado. Para tomar sua decisão, a juíza levou em consideração laudos que mostram o estado de saúde de João e a falta de condições de atendimento médico de urgência.

João terá de recolher-se em sua residência e está impedido de deixar Anápolis (GO), onde reside. Ele também está proibido de manter contato de qualquer natureza com vítimas ou testemunhas arroladas pela acusação nas ações penais que responde. João não poderá frequentar a Casa dom Inácio, onde fazia consultas espirituais.

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Em sua decisão, a juíza considerou a Recomendação número 62 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), publicada no dia 17. Em função da pandemia de coronavírus, o CNJ recomendou aos tribunais e magistrados de todo o país que reavaliem as prisões de detentos que integram o chamado grupo de risco, tais como idosos, pessoas com doenças crônicas e quaisquer problemas de saúde que posam conduzir a um agravamento do estado físico geral do preso, a partir do contágio.

João de Deus foi submetido a cirurgias de cateterismo para colocação de 5 stents e tem insuficiência cardíaca. Ele também teve câncer gástrico e retirou parte do estômago. Na prisão, teve transtornos de ansiedade e depressão.Ele toma vários remédios e só caminha na cela com a ajuda de outro detento.

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Durante recente uma visita do representante do Conselho da Comunidade na Execução Penal de Aparecida de Goiânia ao presídio, foi constatado que João de Deus teria sido agredido na prisão. Ele teria levado um soco próximo do olho. Laudo de perícia do Instituto de Criminalística de Goiás mostrou que a lesão foi provocada por instrumento contundente.

Em sua decisão, que ainda será publicada, segundo VEJA apurou, a juíza repreende a conduta da direção do presídio, por apreender os telefones celulares do perito nomeado pelo juízo, impedindo que a lesão na face do médium fosse fotografada.

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