Invasores de território ianomâmi estão ‘mais organizados’, diz secretário
Marilvaldo Pereira falou a VEJA sobre a atuação do crime organizado no território indígena

Após 100 dias de ação do governo Lula na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, decretada em razão da calamidade sanitária decorrente da forte presença de garimpeiros ilegais e outros criminosos na área, o secretário nacional de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, afirmou que os invasores estão ainda mais organizados. “Muita gente que estava ali para tentar a sorte saiu desesperada da terra indígena. Desde a semana passada, com a operação da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama, vimos uma situação de grupos mais organizados”, declarou.
O secretário coordena um grupo de trabalho no Ministério da Justiça para propor medidas de combate ao crime organizado em terras indígenas. Como mostrou reportagem de VEJA na edição desta semana, o envolvimento do PCC com uma gama de atividades na área ianomâmi chama a atenção das autoridades. A facção criminosa tem controle de maquinários, atua na segurança privada de chefes do garimpo e administra casas de prostituição e pontos de venda de drogas.

Segundo Pereira, as investigações da PF identificaram uma cadeia de pessoas que lucram com o garimpo ilegal. “Não existe mais garimpo naquela perspectiva do garimpeiro isolado na beira do rio. O garimpo que a gente está vendo hoje envolve uma grande operação de logística, a exemplo da dificuldade imensa que o governo está enfrentando na TI Yanomami”, diz o secretário. “Não dá para dizer que a facção A, B ou C está por trás disso, mas eu não tenho dúvida de que se trata de crime organizado. As investigações que a PF está fazendo apontam para isso. Tem gente na região Sul ganhando com garimpo em Roraima”, acrescenta.