Intimado a depor, presidente do PROS insulta o delegado
Eurípedes Júnior critica nas redes sociais encarregado de ouvi-lo sobre propina de 7 milhões da Odebrecht
O presidente nacional do PROS, Eurípedes Júnior, foi intimado para prestar depoimento amanhã sobre os 7 milhões de reais que recebeu da Odebrecht ao vender o tempo de TV do partido para a campanha à reeleição de Dilma Rousseff em 2014. Eurípedes, no entanto, já avisou que não vai depor em Planaltina (GO), conforme a intimação. Pior, o presidente do PROS decidiu insultar publicamente o delegado encarregado de ouvi-lo.
A intimação se deve a uma investigação da Polícia Federal. Durante a campanha da reeleição de Dilma, a Odebrecht recebeu pedido dos petistas para que a empresa comprasse cinco partidos, incluindo o PROS. Um dos executivos da Odebrecht, Alexandrino Alencar, disse que entregou pessoalmente 500 mil reais ao então deputado Salvador Zimbaldi, a pedido de Eurípedes Júnior. Em entrevista a VEJA, em maio do ano passado, Zimbaldi confirmou a versão do executivo da Odebrecht.
O delegado de Planaltina (GO), Cristiomário Medeiros, encarregado de ouvir Eurípedes por carta precatória da Polícia Federal de São Paulo, havia marcado o depoimento para amanhã. Eurípedes Júnior, no entanto, informou que não vai depor em Planaltina onde reside. A resposta do partido veio em forma de insulto. O presidente do PROS gravou entrevista para o blog Chibata do Barão, acusando o delegado de fazer política e de não cuidar da cidade. “É mais fácil encontrar ele (delegado) nas casas pedindo voto que trabalhando na rua”, disse Eurípedes.
No ofício enviado pela PF de São Paulo para a delegacia de Planaltina há um roteiro das perguntas a serem feiras ao presidente do PROS: como se deu a adesão do partido à coligação petista Força do Povo, como foram pagos os 7 milhões destinados ao partido pela Odebrecht e o envolvimento do ex-ministro petista Edinho Silva na negociação da compra do tempo de TV do partido.
O delegado disse que se sentiu difamado pelo presidente do PROS e pretende tomar as medidas cabíveis. Eurípedes reclamou de um roubo à casa de sua mãe, para demonstrar o clima de insegurança na cidade. “Prendi as pessoas que roubaram a casa da mãe dele e os objetos foram devolvidos”, disse Cristiomário. O delegado se licenciou do cargo em 2016 para se candidatar à prefeitura local, mas perdeu a eleição. Os advogados de Eurípedes avisaram a delegacia que ele vai prestar depoimento em São Paulo. VEJA não conseguiu contato com os advogados.