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Interventor no RJ é ‘cachorro acuado’, diz general Mourão

Após cerimônia que marcou sua ida à reserva, militar classificou intervenção como 'meia-sola', declarou que pode auxiliar Bolsonaro e elogiou torturador

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 13 mar 2018, 12h12 - Publicado em 28 fev 2018, 18h22

Após a cerimônia que formalizou a sua ida para a reserva, nesta quarta-feira, 28, o general Antônio Hamilton Mourão fez críticas à intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro e à classe política, disse estar disposto a auxiliar na campanha do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) à Presidência e elogiou um torturador do regime militar. Mourão ficou conhecido por, entre outras polêmicas, defender intervenção militar no país. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, participou da cerimônia.

“O general Braga Netto (interventor no Rio) não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir resolver dessa forma”, disse Mourão a jornalistas. “É uma intervenção meia-sola”, emendou ele, acrescentando que todos os integrantes do governo fluminense, incluindo o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, também deveriam ser afastados. “Se é intervenção, é intervenção. Já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro”, afirmou.

Questionado se achava que a intervenção não daria certo, Mourão respondeu: “poderemos até reorganizar a Segurança Pública, que é a tarefa principal. O Rio de Janeiro é o estado do crime organizado. Tem o colarinho branco e o ladrão de celular, e os dois níveis estão representados”.

O general disse ainda que não será candidato a qualquer cargo nas eleições de outubro, mas apenas à presidência do Clube Militar. Mourão prometeu, contudo, ajuda em ações de planejamento à candidatura de Jair Bolsonaro. “Se tiver que subir no palanque, eu subo”, disse o agora general da reserva.

Para Antônio Hamilton Mourão, o “quadro político-partidário é fragmentado”. “Não sou melhor do que ninguém, mas falta substância aos partidos. O único capital que tenho é o moral. E a estrutura hoje mostra a fragilidade do regime que vivemos”, avaliou. Ele prosseguiu dizendo que a moral e a virtude foram “enxovalhadas”. “As pessoas entram na política não para servir, mas para se servir. Esse é o recado. Se não mudar, esse país não tem futuro”, declarou.

O general reformado disse ainda que o “Judiciário precisa fazer o papel dele e expurgar da vida pública pessoas que não têm condições de dela participar”, acrescentando que esse entendimento inclui também o presidente Michel Temer (MDB). “Inclui o presidente da República, sim”, completou.

No seu discurso de despedida, Mourão também elogiou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável pelo DOI-Codi entre 1970 e 1974 e reconhecido pela Justiça brasileira como torturador. “É herói”, classificou.

Presente à cerimônia de despedida de Mourão, o comandante do Exército, Villas Bôas, defendeu regras de engajamento claras da tropa durante as ações de intervenção no Rio de Janeiro. “São fundamentais”, dizendo que cabe aos órgãos da Justiça e do Ministério Público darem respaldo a essas ações. “O Exército é uma instituição democrática, que tem um histórico de preocupação de Direitos Humanos, sem que haja qualquer tipo abuso em relação à população”, destacou.

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