Instituto Marielle Franco organiza ato por justiça no dia do julgamento de Ronnie Lessa
Apontado como executor da ex-vereadora vai a júri popular no dia 30 de outubro, junto com Élcio de Queiroz, no Rio
Familiares de Marielle Franco organizam para a dia 30 de outubro, às 7h, um ato no Centro do Rio em memória da ex-vereadora, e para cobrar justiça aos acusados pelo seu assassinato. Apontados como os executores do crime, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz vão a júri popular no mesmo dia, na sede do Tribunal de Justiça do Rio, local onde deve ocorrer a manifestação. O movimento é coordenado pelo Instituto Marielle Franco.
Seis anos depois da morte da ex-vereadora, executada no Centro do Rio no dia 14 de março de 2018, apenas uma pessoa foi efetivamente responsabilizada pelo caso até aqui: Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, condenado no fim de setembro por atrapalhar as investigações ao providenciar o desmanche do veículo usado no crime.
Lessa e Queiroz estão presos desde 2019 e são autores de duas delações que contribuíram, somente neste ano, para que as autoridades avançassem na elucidação do crime. Conforme mostraram as investigações da Polícia Federal e seus depoimentos, Lessa teria efetuado os disparos que mataram Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, enquanto Queiroz dirigia o veículo em que estavam.
Em março deste ano, os irmãos Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), e Chiquinho Brazão, eleito deputado federal pelo União Brasil, além do delegado Rivaldo Barbosa, também foram presos como mandantes do atentado. Os políticos são réus em inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal, ainda sem data para o julgamento final.
Para a mãe da ex-vereadora, Marinete Silva, o julgamento de Lessa e Queiroz marca “ um momento decisivo” na luta por justiça.
“A força coletiva de tantas pessoas que nos apoiaram durante todos esses anos nos trouxe até aqui e nesse mês a justiça, enfim, vai começar a ser feita. Esse é um momento decisivo para todo mundo que luta por justiça e para quem acredita que o Brasil precisa ser um país sério que não permite que uma mulher negra seja assassinada com sete tiros na cabeça voltando do trabalho”, conta.
Diretora Executiva do Institurto Marielle Franco, Ligia Batista pontua que “o assassinato de Marielle e Anderson é um marco de violência política de gênero e raça no Brasil. “A impunidade em crimes cometidos por agentes ou ex-agentes do Estado contra a vida de defensores de direitos humanos permite a repetição de atos semelhantes e a perpetuação do racismo, machismo e LGBTQIAPN+fobia”, conclui.