Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Hackers mostram como os sistemas públicos são vulneráveis a ataques

Os bandidos digitais invadiram redes e divulgam dados pessoais do presidente e pessoas próximas 

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h20 - Publicado em 5 jun 2020, 06h00

Uma conta no Twitter registrada em nome do grupo de hackers Anonymous Brasil divulgou na internet senhas de e-mail, dados de um cartão corporativo, números de telefones e endereços vinculados a Jair Bolsonaro e aos seus filhos. Essa é a segunda vez em menos de um mês que o presidente se torna vítima de ataques vir­tuais. Em maio, Bolsonaro e a primeira-­dama tiveram os seus exames médicos capturados no sistema do Hospital das Forças Armadas (HFA). Os dois casos estão sendo inves­tigados pela Polícia Federal. Os responsáveis, se identificados, podem pegar até quinze anos de cadeia. A ação de hackers preocupa o governo. Além do presidente, órgãos públicos que armazenam informações sigilosas de milhões de brasileiros têm sido alvo de criminosos cibernéticos. Segundo levantamento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), apenas no ano passado foram registrados 2 404 casos de invasão e tentativas de invasão aos computadores oficiais — uma média de seis incidentes por dia.

Os ataques virtuais vêm se tornando cada vez mais frequentes — e bem-­sucedidos. No mês passado, um grupo de hackers identificado como Digital Space, que já havia divulgado o resultado de exames médicos do presidente, colocou na rede os dados pessoais de milhares de integrantes das Forças Armadas. Poucos dias depois, o GSI recebeu a informação de que a senha do e-mail de um servidor do Palácio do Planalto também havia sido capturada. Muitos desses criminosos digitais invadem sistemas públicos por mera diversão, para criar constrangimento ou simplesmente para mostrar que são capazes. Mas há aqueles que miram negócios. “Uma base genérica de informações roubadas pode ser negociada por até 600 dólares”, afirma Filipe Soares, ex-oficial da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e sócio da Harpia Tech, consultoria de segurança digital, especialista em monitorar criminosos e vazamentos nas redes.

1hackers.Bolsonaro.1
PRIVACIDADE - Dados do presidente e da família dele foram expostos na rede (./Reprodução)

Não por acaso, os órgãos que mais sofrem ataques virtuais são o Dataprev e o Serpro. O primeiro é responsável por processar o pagamento mensal de 34,5 milhões de aposentadorias, enquanto o segundo gerencia dados e transações do governo, fornecendo tecnologia para a cobrança de multas de trânsito e do imposto de renda. Quando informações como essas caem em mãos erradas, os danos são gigantescos tanto para a imagem do governo, que deveria garantir a segurança pública, como para o cidadão, que tem a sua privacidade exposta. No ano passado, uma lista com dados pessoais de mais de 2 milhões de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) foi publicada num site. Em outra invasão, dados do sistema do Cadastro Nacional de Usuários do SUS foram adulterados — pessoas vivas foram colocadas como mortas, o que resultou em enormes transtornos para as vítimas. “Alguns órgãos públicos têm uma estrutura frágil e muito limitada para se defender dessas ofensivas”, diz Filipe Soares.

ASSINE VEJA

Os riscos da escalada de tensão política para a democracia
Os riscos da escalada de tensão política para a democracia Leia nesta edição: como a crise fragiliza as instituições, os exemplos dos países que começam a sair do isolamento e a batalha judicial da família Weintraub ()
Clique e Assine
Continua após a publicidade

Um levantamento da Controladoria-Geral da União feito em 226 órgãos federais revelou que, em algumas dessas repartições, não havia sequer instrumentos básicos, como programas antivírus. As pastas mais vulneráveis são Cidadania, Educação e Ciência, Tecnologia. As limitações atingem até mesmo os órgãos responsáveis pela investigação de crimes cibernéticos. As ferramentas utilizadas pelo GSI estão há oito anos sem receber atualizações. É preo­cupan­te. Dois anos atrás, houve um vazamento de documentos reservados do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia, responsável por gerenciar informações estratégicas da região. Uma investigação para apurar o caso foi aberta, mas até hoje os criminosos não foram encontrados. “É muito difícil conseguir identificar e responsabilizar esses hackers”, reconhece um perito da Polícia Federal. Um desastre de grandes proporções é questão de tempo.

Publicado em VEJA de 10 de junho de 2020, edição nº 2690

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.