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Febre amarela: na rede privada, vacina só em março – e mais cara

Reportagem procurou 26 estabelecimentos na capital e no interior de São Paulo - nenhum tem a vacina, e muitos nem atendem mais o telefone

Por Fernanda Bassette
Atualizado em 23 jan 2018, 15h52 - Publicado em 22 jan 2018, 19h59

A vacina contra a febre amarela continua em falta nas clínicas particulares de São Paulo e Campinas e a previsão de chegada de novas unidades é apenas para o mês de março na capital e no mês de abril no interior. O laboratório francês Sanofi-Pasteur, único fabricante da vacina para a rede privada, conseguiu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e antecipou a importação de um lote de vacinas que devem chegar no Brasil nos próximos 30 dias. Por questões de segurança, o laboratório não informa a quantidade de doses disponíveis no lote e nem para quais clínicas ou cidades serão entregues.

VEJA procurou 20 clínicas particulares de São Paulo e 6 em Campinas para saber a disponibilidade da vacina e a previsão de chegada. Nenhuma delas possui a vacina em estoque – na maioria dos casos, as doses acabaram há cerca de 15 dias. Grande parte também nem chega a atender ao telefone e uma mensagem eletrônica informa a falta do imunizante. Redes como Delboni Auriemo, Fleury, Lavoisier e Albert Einstein também estão sem estoque da vacina e com previsão só para março.

Nas clínicas em que foi atendida, a reportagem foi informada de que os preços das novas doses podem sofrer alterações por causa da demanda. Até então, havia vacinas sendo comercializadas entre 180 e 260 reais. A clínica Pediatria e Imunização Klabin, por exemplo, na zona sul da capital, está fazendo uma lista de espera que já conta com 540 pessoas.

O problema de desabastecimento nas clínicas particulares ocorre porque o laboratório francês Sanofi-Pasteur é o único fabricante da vacina da febre amarela para a rede privada. Segundo a assessoria de imprensa, o laboratório não esperava esse aumento na demanda e depende da importação do produto.

Em nota, a Sanofi informou que “tanto o laboratório quanto a Anvisa estão empreendendo todos os esforços para acelerar a importação e disponibilizar esta vacina o mais rapidamente possível. Diz ainda que em 2017 houve um aumento de 300% na disponibilização de doses em comparação ao ano de 2016 para as clínicas de vacinação privadas.”

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Campanha nacional

Segundo o Ministério da Saúde, em 2017 foram registrados 2.300 casos da doença em diversos estados e 300 mortes num período de 8 meses. O número de mortes no estado de São Paulo subiu para 36 desde janeiro do ano passado, segundo balanço divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde. Ao todo, foram 81 casos confirmados de contágio da doença. Dos 81 casos, 41 foram em Mairiporã, na Grande São Paulo, por isso a correria em busca da vacina.

O governo vai fracionar a dose da vacina numa estratégia para evitar a expansão do vírus. A dose original é de 0,5 ml e dura por toda a vida – a dose fracionada será de 0,1 ml e, segundo o ministério, terá validade por 8 anos, embora estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) falem em apenas 1 ano.

A partir do mês que vem, entre fevereiro e março, 76 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia irão realizar campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão nos postos de saúde. No estado de São Paulo, 4,9 milhões de pessoas receberão a dose fracionada e 1,4 milhão a dose padrão em 53 municípios. Já no Rio de Janeiro, 2,4 milhões de pessoas deverão receber a dose fracionada e 7,7 milhões a padrão em 15 municípios. Na Bahia, 2,5 milhões de pessoas serão vacinadas com a dose fracionada e 813 mil com a dose padrão em oito municípios. Em São Paulo, a prefeitura antecipou o início da campanha de vacinação para o dia 25 de janeiro.

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