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Em 10 anos, União desembolsou R$ 13 bilhões com reparos a tragédias

No mesmo período, União destinou apenas R$ 4,9 bilhões para a prevenção de novas tragédias - valor três vezes menor do que o aplicado em reconstrução

Por Ricardo Chapola e Laryssa Borges
12 Maio 2024, 20h40

O governo federal gastou na última década quase três vezes mais dinheiro para reparar estragos provocados por grandes tragédias ambientais do que desembolsou com investimentos para prevenir que novos desastres aconteçam no País.

De 2013 a 2023, período que abrange os governos Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro, a União desembolsou R$ 13,3 bilhões para reparar danos causados por catástrofes. Nesse mesmo período, apenas R$ 4,9 bilhões foram destinados para a prevenção.

As enchentes no estado afetaram mais de 1,5 milhão de gaúchos e causaram a morte de mais de uma centena de pessoas.

O ano em que o governo federal mais investiu em planejamento para mitigação de riscos foi em 2013, durante a gestão da então presidente Dilma Rousseff. Na época, a União disponibilizou R$ 700 milhões em prevenção de desastres. Por outro lado, também desembolsou R$ 2,1 bilhões em reparos provocados por tragédias ambientais.

“Em geral, gerenciamos os desastres de forma reativa. O ideal é que combinemos a gestão reativa com o gerenciamento do risco, formando uma espécie de ciclo: atuando em projetos de mitigação, preparação e alerta precoce e, diante do desastre, avaliando os impactos e focando na recuperação e reconstrução”, disse Luis Calor Hernandez, pesquisador e doutor em tecnologia ambiental da Universidade de Brasília (UnB).

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Os dados foram extraídos de um sistema do Tribunal de Contas da União (TCU), chamado “Painel de Recursos para Gestão de Riscos e de Desastres”. Os valores não estão corrigidos pela inflação. O tribunal tabula essas informações desde os desastres em Petrópolis, em 2022, que deixaram 241 mortos.

Segundo as estatísticas, em 2023, primeiro ano do novo mandato do presidente Lula, o governo gastou 18 vezes mais recursos para socorrer vítimas de tragédias e reconstruir as áreas afetadas em relação ao que investiu na prevenção de desastres. Foram destinados R$ 1,2 bilhão para reparos e R$ 70 milhões para mitigação. Ou seja: o dinheiro vai sempre depois, não antes.

Na quarta-feira, o presidente do TCU, Bruno Dantas, anunciou a criação do programa Recupera Rio Grande do Sul, cujo objetivo é acompanhar as ações de reestruturação do estado. “Temos tido todo o zelo para fiscalizar o uso do dinheiro público, mas também toda a sensibilidade para saber que, em momentos excepcionais, nós devemos também utilizar regras mais flexíveis para que o objetivo final de toda ação do Estado, que é a proteção dos cidadãos, seja atingido de maneira eficaz”, afirmou Dantas.

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