Desabamento de andaime interdita avenida do Leblon
Crea afirma que tela instalada de forma errada pode ter contribuído para queda da estrutura
Um andaime de mais de 50 m2 que era usado na construção de uma concessionária de carros no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, desmoronou por volta de 3h30 da madrugada desta terça-feira, derrubando parte da estrutura do prédio e danificando o portão da Igreja dos Santos Anjos, ao lado da obra. Os blocos de concreto também atingiram fios de eletricidade e cabos de uma operadora de tevê a cabo, interrompendo o fornecimento dos serviços de televisão e Internet nas primeiras horas da manhã na avenida Afrânio de Melo Franco.
Trabalham na reforma, realizada na antiga casa de shows Scala, cerca de 50 operários. Doze funcionários dormiam no local do acidente, mas conseguiram sair antes do desabamento e não sofreram ferimentos. Pouco antes da queda, a área foi isolada pela Guarda Municipal, depois que um taxista telefonou, por volta de meia-noite, avisando que o andaime estava inclinado.
Moradores reclamaram da falta de cuidado dos responsáveis pela obra. “Desde o início, notamos irregularidades como a falta de tela protetora, falta de caçamba de entulho, entre outros problemas. Então decidimos procurar os órgãos competentes para denunciá-los. Só depois que a prefeitura veio fazer uma vistoria é que eles tomaram providências”, disse a vice-presidente da Associação de Moradores do Condomínio Selva de Pedra, Denise Corrêa.
Para o vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), Jaques Sherique, o acidente foi causado por negligência ou imperícia técnica. “Estive no local fazendo algumas vistorias e percebi as irregularidades. A mais gritante é que não tinha tela de proteção do andaime, o que fere a norma regulamentadora 18, do Ministério do Trabalho. Logo após o aviso do Crea e de outras entidades, o MT exigiu a colocação da tela. Mas percebe-se pelo efeito que o serviço foi mal executado e contribuiu para o desabamento”, afirmou o engenheiro do CREA. “Nesses casos a ancoragem da tela deve ser fixada em toda a estrutura e não apenas e alguns pontos de apoio. Ou o cabo de estaio foi mal fixado ou mal dimensionado, não prevendo ventos fortes, como ocorreu esta madrugada”.
Sherique argumenta que, como não havia trabalhadores no momento da queda, está descartado o mal uso por excesso de peso, e que o vento trouxe o andaime e parte da estrutura abaixo porque fez um efeito de vela de barco. Ainda segundo o dirigente do Crea, a entidade já está apurando o nome da empresa e do engenheiro responsável para que eles prestem esclarecimentos.
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli estiveram no local e disseram que o laudo apontando as causas do acidente será realizado no prazo de 15 a 30 dias. Cerca de 50 homens, entre técnicos da Defesa Civil, funcionários da Comlurb, Polícia Militar e Guarda Municipal estão no local para a retirada dos escombros e desvio do trânsito.