Datas: Robert Precht, Nêgo Bispo e Sandra Day O’Connor
O produtor, o ativista e a primeira juíza
Foi antes da internet, muito antes das redes sociais, um tempo sem Spotify nem televisão colorida. Parecia (e era) um outro mundo. Paul McCartney tinha 21 anos e cara de bebê. Os Beatles — além de Paul, John, George e Ringo — foram convidados a participar do renomado Ed Sullivan Show. O resto é história, depois daquele fevereiro de 1964, em que os meninos mandaram ver com o refrão adesivo: “Close your eyes and I’ll kiss you / Tomorrow I’ll miss you”. Teria dado errado não fosse o produtor Robert Precht, encarregado de ciceronear os ingleses, como babá de luxo — o pontapé inicial do show biz que nos trouxe até aqui. Foi Precht quem, no ano seguinte, a pedido de Sullivan, filmou um dos mais conhecidos shows do quarteto, no Shea Stadium do Queens, em Nova York, em agosto de 1965. A ideia era transformar as gravações em um documentário que nunca viria à luz do dia. Mas não há dúvida: o zeloso acompanhante esteve na gênese de uma onda imparável, influente na sociedade até nunca mais parar, ainda hoje — e não por acaso Paul e John aparecem nesta edição de VEJA com destaque, em algumas outras páginas. Precht morreu em 26 de novembro, aos 93 anos.
A causa quilombola
“Estarei vivo, mesmo enterrado”, disse, certa vez, com um tantinho de autossuficiência, o poeta, escritor, filósofo e sobretudo ativista Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo. Autodenominado “lavrador de palavras”, ele era um dos grandes nomes de luta do povo quilombola pelo reconhecimento histórico, contra o racismo e por condições dignas de vida. Seu livro mais conhecido, celebrado pelos movimentos sociais, é A Terra Dá, a Terra Quer. Em uma entrevista recente, Bispo dos Santos disse não perceber diferença relevante entre as posturas da direita e da esquerda na relação com o movimento quilombola. “São maquinistas que dirigem o mesmo trem colonialista. Escolher o vagão permite decidir os passageiros com quem você vai viajar. Mas a viagem é a mesma, vai para o mesmo lugar”. Ele morreu em 3 de dezembro, aos 63 anos.
A primeira juíza
No Brasil, parece haver recuo de diversidade, com um STF majoritariamente masculino. Com o possível ingresso de Flávio Dino, haverá nove homens e uma única mulher, Cármen Lúcia. Nos Estados Unidos, foi apenas em 1981, depois de uma tradição de quase 200 anos, que a Suprema Corte recebeu sua primeira juíza mulher, Sandra Day O’Connor. Indicada pelo presidente republicano Ronald Reagan, ela forçou uma mudança de tratamento entre os juízes, que se referiam entre si como “Mr. Justice”. De ideias conservadoras, ela surpreendia em alguns votos, como o apoio ao direito de aborto, decisão que a levou a ser chamada de traidora pela direita americana. O’Connor se aposentou em 2005. Morreu em 1º de dezembro, aos 93 anos.
Publicado em VEJA de 8 de dezembro de 2023, edição nº 2871
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